Publicado em: 12 de novembro de 2025
A relação entre a arte, o território e os conhecimentos tradicionais será tema central das rodas de conversa promovidas nesta quinta-feira, 13 de novembro, às 10h, na Galeria Benedito Nunes, em Belém. As atividades integram a programação da exposição “O que sonham os invisíveis – cosmopercepções da floresta”, organizada pelo Goethe-Institut durante a COP30, e reúnem artistas, pesquisadores e representantes de povos originários para refletir sobre a ancestralidade como força de resistência cultural e ambiental.
A primeira roda de conversa abordará o valor histórico e simbólico da cerâmica marajoara, patrimônio milenar que continua a ser preservado por coletivos e artistas contemporâneos. O debate contará com Ronaldo Guedes e Cilene Andrade, fundadores do Ateliê Arte-Mangue Marajó, de Soure, referência em pesquisa e difusão dessa tradição, além da artista visual e curadora Anita Ekman, que se dedica ao estudo da arte pré-colonial e da história da floresta tropical. A mediação será conduzida por Brunno Apolônio, pesquisador e gestor cultural com trajetória voltada à valorização dos saberes tradicionais e da arte indígena.
Ronaldo Guedes destaca a profundidade da herança cultural do arquipélago. “A gente pisa em um lugar muito especial, um território de muita ancestralidade. A Ilha de Marajó tem uma datação de ocupação humana que chega há mais de 3.400 anos. Então, precisamos entender isso como esse legado, como uma potência, olhar para trás e enxergar um modelo a ser seguido de muitos saberes, muito respeito com a natureza e essa memória coletiva”, afirmou o artista.
A programação também marca o lançamento da 6ª edição da revista Aru – Revista de Pesquisa Intercultural da Bacia do Rio Negro (AM), publicada pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). A nova edição celebra duas décadas de atuação da Rede de Agentes Indígenas de Manejo Ambiental (AIMAs), que consolidou uma metodologia própria de observação e gestão ambiental nos territórios indígenas do noroeste amazônico.
O lançamento será acompanhado de uma roda de conversa sobre o papel dos AIMAs na governança ambiental e na agenda climática, ressaltando como o conhecimento tradicional é essencial para o equilíbrio ecológico e a mitigação das mudanças climáticas.
A exposição “O que sonham os invisíveis – cosmopercepções da floresta” propõe uma imersão nas múltiplas visões de mundo dos povos das florestas, reunindo obras de vídeo, fotografia, pintura, cerâmica e instalação criadas a partir das residências artísticas do projeto Cosmopercepções da Floresta. O trabalho, desenvolvido pelo Goethe-Institut ao longo de dois anos, envolveu artistas e comunidades da Amazônia Colombiana, Ilha do Marajó, Mata Atlântica, Floresta Boreal da Finlândia e eixo Rio Negro/Munique.
As obras mostram como as pessoas de cada um desses territórios dialogam com as florestas, suas águas, habitantes, ciclos e sua própria existência. O público percorre essas trajetórias de criação, que nascem do encontro entre saberes ancestrais e ciência contemporânea e é estimulado a ter um entendimento global do papel das florestas e de suas culturas diante das mudanças climáticas, especialmente nesse contexto de realização da COP30 em Belém.
A curadora Cristine Takuá define a essência da mostra em um ensinamento que traduz a espiritualidade indígena e a filosofia da natureza: “a natureza dá sentido à vida e, nela, tudo mantém seu equilíbrio. É como uma imensa teia onde tudo está interligado, um organismo vivo. Seu poder está em nos direcionar para a sabedoria. Cada sinal que recebemos tem significado para nossa existência, muitos sinais nos são transmitidos pela natureza, que, com sua delicadeza e sabedoria, nos guia e ensina o bem viver.”
Serviço
Data: 13 de novembro de 2025
Local: Galeria Benedito Nunes, Fundação Cultural do Pará
10h: Lançamento da 6ª edição da revista Aru e roda de conversa “A importância dos AIMAs para a governança ambiental e a agenda climática” – com Oscarina Caldas, Roberval Pedrosa, Genilton Apolinário, Hildete Marinho e Aloisio Cabalzar.
11h30: Roda de conversa “Como a cerâmica marajoara contribui para a preservação da sociobiodiversidade em Soure/Marajó” – com Cilene Andrade, Ronaldo Guedes e Anita Ekman; mediação de Brunno Apolônio.
Exposição: O que sonham os invisíveis – cosmopercepções da floresta
Período: Até 28 de novembro de 2025.









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