Publicado em: 25 de outubro de 2025
Gratidão, responsabilidade e alegria; esses são os sentimentos que me movem neste momento em que tenho a honra de ocupar a Cadeira nº 9 da Academia Paraense de Jornalismo. Uma cadeira que carrega em sua história nomes que engrandeceram o jornalismo paraense, como o patrono, o imortal Carlos Augusto Mendonça, bem como o ocupante antecessor, o brilhante Joaquim Antunes.
Que responsabilidade suceder esses ilustres imortais! Profissionais que dedicaram suas vidas a este ofício tão essencial à sociedade.
Quando fecho os olhos e volto aos meus 16 anos, vejo a jovem repórter iniciando sua trajetória na redação do jornal Gazeta Mercantil. Foi ali que o jornalismo me escolheu.
Tive o privilégio de aprender com mestres como Lúcio Flávio Pinto e Raimundo Pinto — profissionais que me ensinaram que o jornalismo não se resume à notícia, mas, sim, ao compromisso com a verdade, a ética e a apuração rigorosa.
Lembro da redação unida, vibrante, que só descansava quando a edição já estava rodando na gráfica. Foi ali que entendi: a notícia tem vida, e o jornalista, missão.
Mais tarde, já estudante de Jornalismo na Universidade da Amazônia (Unama), vivi a experiência encantadora — e desafiadora — de estagiar no suplemento infantil Liberalzinho, do jornal O Liberal.
Entrevistar crianças era uma aventura à parte, pois muitas vezes as respostas vinham em tímidos “sim” ou “não”. E era preciso sensibilidade para transformar aquelas poucas palavras em histórias cheias de ternura.
Depois, veio o Diário do Pará — e com ele, o aprendizado das ruas. Como repórter dos cadernos Cidade e Polícia, descobri a força do jornalismo que se faz com os pés no asfalto e o coração aberto. A cada reportagem, eu percebia o impacto direto da notícia na vida das pessoas. Foi nesse tempo que aprendi que o jornalista precisa, antes de tudo, ver e sentir o mundo que narra.
O tempo me levou também para outras frentes — as Assessorias de Comunicação —, onde compreendi que é possível fazer jornalismo fora das redações, mantendo o mesmo compromisso ético com a informação.
Vivi experiências marcantes no Corpo de Bombeiros do Pará, no Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, na OS Pará 2000, na Secretaria de Estado de Educação, no Conselho Regional de Enfermagem do Pará, entre outras instituições. Cada uma delas me ensinou a importância do diálogo, da transparência e da comunicação pública responsável.
Hoje, tenho sinto-me realizada ao exercer meu terceiro mandato — não consecutivo — como presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet-PA) e de atuar como editora-fundadora do site Pará Trip.
Nesse espaço digital, seguimos firmes com a missão de divulgar o que o Pará tem de melhor em turismo, cultura, eventos e gastronomia — conectando o nosso estado ao Brasil e ao mundo.
Este breve relato da minha caminhada é, acima de tudo, uma declaração de amor ao jornalismo. Um ofício que exige coragem, ética, sensibilidade e, principalmente, compromisso com a democracia. Porque não há democracia sem jornalismo livre, e não há jornalismo verdadeiro sem ética e responsabilidade.
Vivemos tempos desafiadores, em que as fake news e a desinformação tentam se impor como verdades. Mas é justamente nesse cenário que o papel do jornalista se torna ainda mais vital: o de defender a verdade, valorizar os fatos e manter viva a confiança do público na informação.
Assumir esta cadeira na Academia Paraense de Jornalismo é mais do que uma honra. É um chamado à continuidade, a manter acesa a chama da credibilidade, da história e da paixão por este ofício, que transforma vidas e constrói cidadania.
Que esta noite seja, portanto, não apenas de celebração, mas também de renovação do nosso compromisso com a verdade, com a ética e com o Pará — este estado que inspira, pulsa e ensina a ser amazônida em cada palavra, em cada notícia, em cada história contada.
Isa Arnour – discurso de posse na APJ
Fotos: Daniel Quadros





















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