0
 

A 17ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2025 foi marcada por contrastes para os dois principais clubes paraenses. Enquanto o Paysandu protagonizou uma atuação memorável fora de casa, o Remo voltou a oscilar diante de sua torcida, deixando escapar pontos importantes no Mangueirão. A reta final do primeiro turno mostra o quanto o campeonato é exigente e, ao mesmo tempo, imprevisível. Os caminhos de Remo e Paysandu parecem traçar trajetórias opostas – um ainda flertando fortementecom o G-4, o outro buscando fugir do Z-4. Ambos seguem cheios de desafios.

Na quinta-feira (17), o Remo recebeu o Novorizontino no Mangueirão e mais uma vez demonstrou as dificuldades que vem enfrentando para manter regularidade. O time azulino até saiu na frente com Matheus Davó, que aproveitou bem uma das poucas chances claras criadas na primeira etapa. A vantagem, no entanto, durou pouco. Ainda antes do intervalo, os paulistas chegaram ao empate, explorando as falhas defensivas do Leão e deixando o torcedor com aquele velho gosto amargo de déjà-vu.

O segundo tempo escancarou a instabilidade azulina. O cansaço físico ficou evidente, e as substituições feitas por António Oliveira surtiram pouco efeito prático. Se o Remo não saiu derrotado do Mangueirão, deve isso à atuação segura – e mais uma vez decisiva – do goleiro Marcelo Rangel. Ele salvou o time em pelo menos duas oportunidades claras e garantiu o ponto conquistado em Belém. O que antes parecia um time confiante e bem armado, hoje se mostra dependente de lampejos individuais.

Sob o comando de António Oliveira, o desempenho do Remo tem deixado a torcida em alerta: são seis pontos conquistados (uma vitória, três empates e uma derrota) nas últimas cinco partidas. A curva de rendimento preocupa, mas a tabela ainda oferece certo alívio. Com 26 pontos em 17 jogos, o clube azulino permanece no bloco de cima, disputando ponto a ponto a permanência no G-4. A questão é saber até quando os resultados vão continuar sustentando atuações que, em campo, não inspiram mais o mesmo otimismo. O Remo fechou a rodada na quinta posição, após à vitória da Chapecoense-SC contra o América-MG, no Horto. 

Se a rodada terminou com dúvidas para os azulinos, a do Paysandu foi de puro entusiasmo. No sábado (19), em pleno Couto Pereira, o Papão aplicou uma goleada histórica sobre o Coritiba, um dos favoritos ao acesso. A vitória por 5 a 2 surpreendeu pelo placar elástico, mas não exatamente pelo desempenho: o time bicolor vem em franca recuperação. Os gols de Garcez e Diogo Oliveira, dois de cada, coroaram uma atuação segura e brilhante.

A vitória fora de casa não apenas somou três pontos, mas reafirmou a nova fase vivida sob o comando de Claudinei Oliveira. Desde que assumiu o time, o treinador ainda não perdeu: são quatro vitórias e dois empates em seis partidas. O Paysandu, que parecia sem rumo até a 11ª rodada, após o desastroso planejamento da temporada por parte da diretoria, agora se reencontra com a própria identidade. A invencibilidade é mais que estatística; ela é símbolo de uma equipe que voltou a competir com dignidade, muito sustentado pelo trabalho da comissão técnica e de boa parte dos jogadores.

A torcida bicolor, que compareceu em bom número ao estádio paranaense, saiu de alma lavada. Com 18 pontos, o Paysandu respira fora da zona da degola, após muto tempo, e já mira posições entre a 13ª e a 16ª colocação – um cenário impensável há poucas semanas. A conexão entre time e arquibancada voltou a pulsar, e a esperança, que já beirava o desespero, agora se manifesta em forma de apoio confiante. Ainda há muito o que corrigir, mas o principal já foi feito: o Papão voltou a acreditar em si mesmo. A briga tende a ser muito intensa até o final do campeonato, pois todas as equipes da “zona da degola” estão em recuperação, “achatando” a tabela. 

Para a próxima rodada, os horizontes se desenham com novos testes. O Remo terá o Avaí em casa e precisará provar que ainda pode se impor diante do seu torcedor. Já o Paysandu vai até Manaus para enfrentar o Amazonas, em mais uma batalha direta por pontos cruciais na parte de baixo da tabela. 

A Série B de 2025 segue exigente, nivelada e imprevisível. Para Remo e Paysandu, cada rodada é um termômetro não apenas da tabela, mas do momento vivido em campo e nas arquibancadas. Enquanto o Remo tenta conter a oscilação sem perder o rumo, o Paysandu aproveita o embalo para se reinventar.

Crédito da foto: Henrique Herrera (feita no dia 17.07.2025, quando do jogo entre Remo e Novorizontino)

Rodolfo Marques
Rodolfo Marques é professor universitário, jornalista e cientista político. Desde 2015, atua também como comentarista esportivo. É grande apreciador de futebol, tênis, vôlei, basquete e F-1.

Soberba e Soberania

Anterior

Você pode gostar

Comentários