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O drama de Marussa Boldrin segue à risca o script de violência que deságua em tragédias diárias e numa verdadeira matança das mulheres por seus maridos, noivos ou ex-companheiros. Marussa, 34 anos, deputada federal (MDB-GO), é engenheira agrônoma, pós-graduada em Planejamento Urbano e Ambiental e mestra em Ciências Agrárias e Agronomia, empresária, produtora rural e já foi vereadora em Rio Verde, sua terra natal. Mas sua juventude e protagonismo não impediram que sofresse agressões psicológicas, morais e físicas durante anos, perpetradas por seu então marido, o advogado Sinomar Júnior. Que, agora denunciado, tenta desqualificar sua vítima, igualzinho a todos os monstros abusadores de mulheres e crianças. Só falta dizer que “ela pediu por isso” e que foi para “lavar sua honra”.

Marussa, assim como tantas Marias anônimas por este Brasil afora – espancadas, detratadas, torturadas e assassinadas impunemente, que povoam as notícias de crimes diariamente -, suportava a dor calada. Era silenciada dentro de sua própria casa, desvalorizada, desacreditada, humilhada como ser humano, mulher, mãe, profissional e política. Aguentava uma rotina de xingamentos, maus-tratos, ameaças, desrespeito. Sentia medo e vergonha de expor sua vida em público, como se a culpa fosse sua, e acreditava que tudo poderia mudar, por isso fingia que estava tudo bem. E, como acontece em dez entre dez relacionamentos abusivos, a violência só aumentava.

O enredo é sempre o mesmo e independe da classe social ou nível cultural. A pessoa abusada tem dificuldade em perceber que está em uma relação abusiva. Tenta achar soluções como se desse causa à sua própria destruição. Engana-se achando que assim protege os filhos do trauma da separação, e engravida de novo, sem enxergar que os filhos também são vítimas. Sente-se só, sem forças para reagir e dar um basta na situação, buscar cura, retomar a dignidade e ter coragem para denunciar.

Que bom Marussa ter feito boletim de ocorrência em uma delegacia policial. Que seu exemplo seja seguido por todas aquelas que são esmagadas pelos que deveriam ser seus parceiros e viraram algozes. Força!

Leiam a carta aberta de Marussa Boldrin.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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