Publicado em: 13 de abril de 2025
Nós, navegadores do mundo virtual, fomos expostos durante esta semana a um grande duelo de gigantes.
Tudo começou com o primeiro ato do tarifaço de Donald J Trump, o presidente dos Estados Unidos da América. De seu palanque sempre armado e portando uma espécie de cartaz gigante, Trump segurou debaixo do braço a bola do jogo dos mercados mundiais e disse: quem manda no jogo é o dono da bola. Desde o dia 02 de abril, o líder da América, que ainda é o maior PIB global, após declarar o “dia da libertação”, vem agitando o capitalismo global, balançando os mercados e sequestrando a pauta político-econômica mundial.
Trump anunciou ao mundo uma tabela de alíquotas variadas a serem cobradas de mercados exportadores globais, em reciprocidade à tributação de produtos americanos por esses mercados, a pretexto de protecionismo interno da economia dos EUA. Assim falou o líder da maior economia global, agitando todos os mercados mundiais: “As nações estrangeiras finalmente serão convidadas a pagar pelo privilégio de acesso ao nosso mercado, o maior mercado do mundo”. Leiam de novo. Foi isso mesmo…
Após Donald Trump informar que líderes do mundo inteiro estariam dispostos a “lamber seu traseiro” para renegociar a aplicação do aumento das alíquotas, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, informou que 75 países tentam negociação com Trump, a fim de reduzir a tributação sobre importações imposta pelo tarifaço. Objetivo duplo alcançado com sucesso? domínio total das variadas preocupações do espectro político e chamada geral para a mesa de negociações, com os EUA sentados na cabeceira? O mundo foi obrigado a incluir Trump em sua agenda e a repaginar as matérias de capa da imprensa.
Quem conhece um pouco da vida de Donald Trump, ou já assistiu ao filme O Aprendiz, sabe que o empresário e político tem um perfil show off na condução de seus trabalhos na vida empresarial e na vida politica.
Inicialmente, o cartaz do tarifaço apontava a artilharia de Trump para várias economias globais, entretanto, depois do revide da China, que reagiu ao primeiro aumento das alíquotas, a guerra comercial entre Pequim e Washington se acirrou e o império contra-atacou. Donald Trump, em retaliação ao revide da China, impôs tarifas de 125% sobre as importações chinesas para os Estados Unidos, além de suspender tarifas alfandegárias a dezenas de países por 90 dias. A China, até agora, não propôs rodada de negociações com os EUA.
O tarifaço de Trump afetou até o Olimpo econômico das big techs. As 7 Magníficas, como são chamadas a Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla, gigantes do setor da tecnologia, despencaram na bolsa de valores. Porém, com a manutenção da alíquota da China em 125%, os EUA deixaram bem claro quem é o principal alvo nessas guerra aduaneira.
Em uma atitude pouco confucionista, a China não propôs negociações, não ligou para Washington nem perdeu a oportunidade de criar memes com a suposta iniciativa de reindustrialização dos EUA e de incentivo de Trump para a alocação das montadoras de produtos para território americano, como reflexo do tarifaço. Pelo ambiente virtual circulam imagens produzidas com IA de americanos montando peças em escala industrial, aborrecidos, comendo hambúrgueres e bebendo coca-cola em suas mesas de trabalho. A imagem é uma clara alusão ao padrão fabril de montagem da indústria asiática. Vão encarar? Sugere a tirada de humor. O link abaixo, no estilo a internet não perdoa, mostra a imagem criada por IA como uma das consequências do tarifaço de Trump. O vídeo viralizou no Tik Tok dos EUA durante a semana. Adianto meu repúdio à questão da obesidade da população americana, estereotipada no vídeo.
Donald Trump, que é um ás do domínio midiático, aproveita para aumentar o engajamento em torno de sua imagem digital e para manter suas bases políticas e o MAGA agitados. O sequestro da pauta política é excelente para os negócios de Trump, que tem imposto, desde quando assumiu a Casa Branca, a agenda da mídia global. A guerra contra a China é obrigatória na diretriz econômica de Trump, que é orientado ideologicamente por Peter Navarro. Formado em Harvard, Navarro é autor do livro “Death by China” (Morte pela China), uma obra publicada em 2011. Desde o mandato anterior de Trump Navarro vem orientando o governo a declarar guerra comercial contra a China.
O Brasil, até agora, está na casa das alíquotas de 10% e segue quieto. Instado a se manifestar sobre a guerra entre a China e os EUA, respondeu Putin e: há um provérbio chinês que diz: quando dois tigres lutam no vale, o macaco esperto senta para ver como acaba.
Ficamos na expectativa para os próximos atos desse duelo entre titãs.
Mais sobre o tarifaço:
Comentários