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A fonoaudiologia hospitalar tem um papel crucial na avaliação, diagnóstico e tratamento de distúrbios da comunicação e deglutição, especialmente em pacientes oncológicos pediátricos. O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, divulgou a realização de mais de 5 mil sessões de fonoterapia, de janeiro a novembro deste ano, atendendo pacientes dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos, enfatizando que essa especialidade é integrada a equipes multidisciplinares para reabilitar funções comunicativas e alimentares, melhorando a qualidade de vida de crianças e adolescentes com tumores benignos e malignos. 

Atualmente, o hospital conta com duas fonoaudiólogas que desenvolvem ações preventivas e intensivas. O processo inicia-se com uma anamnese detalhada para definir o diagnóstico e a intervenção adequada, seja em condições neurológicas, vocais ou disfágicas. Distúrbios de deglutição são comuns e tratados com estimulações térmicas, exercícios de motricidade orofacial e terapias complementares, como bandagens. A fonoaudióloga Nahone Sarges destaca que, futuramente, a laserterapia será incorporada, especialmente para pacientes submetidos à radioterapia e quimioterapia. 

A atuação fonoaudiológica tem como objetivo minimizar sequelas funcionais das doenças de base, como leucemias e tumores do sistema nervoso central, que podem afetar a deglutição, voz e fala. Quimioterápicos podem alterar o paladar, impactando a deglutição, enquanto neurocirurgias complexas podem comprometer funções comunicativas. Além dos aspectos físicos, a perda da voz afeta emocionalmente crianças e adolescentes, interferindo no desenvolvimento social, escolar e psicológico. Dificuldades em expressar ideias e necessidades geram frustração, insegurança e tristeza em ambientes sociais e escolares. 

Casos como o de Maria Fernanda Dias Cavalcante, 17 anos, com disfunção hormonal da tireoide que afeta os ossos, ilustram a importância da fonoterapia. Ela relata sensação de “bolo na garganta” e dificuldade para falar e engolir, melhoradas com massagens e uso de gelo, conforme orientação fonoaudiológica. Sua mãe, Ariele Dias, inicialmente cética, reconhece os benefícios das intervenções, que reduziram enjoos e melhoraram a qualidade de vida da filha. 

Outro exemplo é Wendell Gabriel, 8 anos, que após cirurgia para ressecção de um tumor no sistema nervoso central, apresentou disfagia e necessitou de traqueostomia. A intervenção fonoaudiológica desde a UTI, com exercícios de motricidade e estimulação tátil-térmica, resultou em reabilitação completa em seis meses, permitindo alimentação oral e comunicação adequadas. 

Pacientes internados passam por triagem para identificar a necessidade de fonoterapia, com atendimentos diários ou até três vezes por semana, conforme o caso. Encaminhamentos também ocorrem via oncologistas para atendimento ambulatorial, abrangendo pacientes de 0 a 19 anos incompletos. 

O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo é referência na região Norte do Brasil no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil. Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, é gerenciado pelo Instituto Diretrizes, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Foto: Leila Cruz / Ascom Hoio

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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