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Thomson Foundation, em parceria com a Foreign Press Association do Reino Unido, concede anualmente o Prêmio Jovem Jornalista do Ano (que está em sua décima segunda edição), destinado a jornalistas com até 30 anos de idade de países com Renda Nacional Bruta per capita inferior a US$ 20.000.

Em 2024, a competição recebeu 825 histórias de 275 candidatos provenientes de 64 países, e a grande vencedora foi uma jornalista afegã cujo nome permanece em sigilo por questões de segurança. Trabalhando clandestinamente devido às severas restrições impostas às mulheres pelo regime Talibã, ela atua no The Afghan Times, uma plataforma fundada por jornalistas afegãs e atualmente gerida por profissionais exiladas em Dublin, na Irlanda.

A premiação reconheceu a coragem de suas reportagens sobre a vida das mulheres afegãs sob o domínio talibã, destacando sua investigação sobre o fechamento forçado de restaurantes exclusivos para mulheres — um dos poucos espaços restantes onde elas podiam trabalhar ou socializar. 

Impedida de comparecer à cerimônia de premiação da Foreign Press Association’s Media Awards em Londres, conhecido como o “Oscar do jornalismo”, devido às restrições de viagem impostas às mulheres no Afeganistão e pelo risco óbvio que significaria à sua integridade física, a jornalista enviou uma mensagem de áudio em que declarou:

“Este prêmio é um lembrete de que nossos esforços são vistos e valorizados, mesmo quando parece que estamos lutando no escuro. O jornalismo no Afeganistão se tornou não apenas uma profissão, mas uma missão — uma para manter a verdade viva e dar voz àqueles que são frequentemente silenciados. Aceito este prêmio em nome de todos os jornalistas corajosos no Afeganistão que continuam a reportar, apesar dos riscos e restrições que enfrentamos todos os dias.”

Salma Niazi, fundadora e editora-chefe do The Afghan Times, comentou: “Estamos profundamente honradas com este reconhecimento do trabalho de nossa repórter, e o dedicamos a todas as nossas corajosas irmãs do The Afghan Times que continuam a arriscar suas vidas todos os dias para contar a verdade de dentro do Afeganistão. Apesar das crescentes ameaças, censura e severas restrições à liberdade de expressão, essas mulheres corajosas persistem, relatando as realidades de nosso país com integridade e resiliência.”

As outras finalistas do prêmio foram as jornalistas paquistanesas Somaiyah Hafeez e Aisha Farrukh. Somaiyah, de 24 anos, foi reconhecida por sua investigação baseada em dados sobre desaparecimentos forçados em Balochistão, uma região marcada por conflitos entre separatistas balúchis e o governo. Ela afirmou que ser finalista não apenas reconhece seu trabalho, mas também amplifica a luta e a resistência das comunidades que ela cobre. 

Aisha, de 28 anos, chefe de conteúdo da The Centrum Media, uma rede independente de notícias digitais, foi destacada por seu documentário sobre trabalhadores em regime de servidão nos fornos de tijolos do Paquistão, que expôs práticas exploratórias, incluindo a remoção ilegal do rim de um adolescente para quitar dívidas familiares. Ela expressou a esperança de servir de exemplo para que jovens jornalistas, especialmente mulheres, compartilhem suas histórias com o mundo. 

Deborah Kelly, diretora de treinamento e comunicações da Thomson Foundation, afirmou que essas jornalistas exemplificam a bravura de jovens mulheres, que mesmo vítimas de sistemas opressores têm habilidade necessárias para desvendar verdades ocultas e responsabilizar os poderosos. O júri da premiação comentou: “Um relato muito humano, em grande profundidade e reunido com enorme dificuldade e risco de retaliação. Seu trabalho se destacou pelas dificuldades em que trabalhou e pela qualidade de seu jornalismo. Reportar de dentro do Afeganistão traz enormes riscos, então a coragem necessária para produzir histórias desse calibre é imensa”.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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