A tarde já deitava suas primeiras horas sobre o dorso da pérola do Tapajós, dia 10 de junho de 2024, quando recebi o pequeno pacote de sob a ira do mar, enviado pessoalmente pelo autor, autografado e dedicado. O livro, então inédito, é da lavra de refinada pena do poeta Benoni Araújo.
Para uma bibliófila, é uma intimidade particular o momento de encontro com um livro novo. O cheiro libidinoso emanado das páginas, quando se abrem gostosamente ao toque; o gosto singular dos dedos alternando-se entre a ponta da língua e as lâminas afiadas e lânguidas de papel – certamente eu seria uma vítima fatal em algum romance de Umberto Eco -; o tom azul-turquesa profundo da capa líquida e oceânica, a despertar paixões indecorosas; os olhos daqui e d’acolá, deslizando de um extremo ao outro, enquanto devora a superfície e a profundidade do papel. O primeiro encontro o entre leitor e companheiro das horas solitudinárias – este, jamais preterível ao écran de texto digital – é sempre inefável e íntimo.
A obra de Benoni Araújo é uma antologia poética publicada pela editora Nauta e já está disponível para a venda a partir de hoje no domínio www.editoranauta.com.br.
Benoni Araújo é piauiense de berço e belenense de coração e morada. Servidor público federal e mestre em Letras pela UFPA, o poeta publica sua segunda obra; esta pela editora Margem.
Sob a ira do mar segue o formato de Não Por Acaso Dispersos. Na apresentação da obra ao leitor, o poeta diz que:
Em meio a tantos livros. publicados diariamente no país, por que adquirir (e ler) “sob a ira do mar”? Não há uma resposta simples pra isto, e é possível que seja por sua própria conta e risco diante de uma literatura! Recusado por algumas editoras, também poderiam me convencer de não haver ali um livro (quem sabe!?) Sem que isto soe como comparação, mas pensei na empreitada de w. whitman, de f. pessoa, de e. dickinson e tantos outros que naufragaram por um tempo… Em meu livro de estreia “não por acaso dispersos” (2008), abria com a palavra “desancorado” e fechava com “esperança” , e entre elas os leitores se dispersaram… Para “sob a ira do mar” não há promessas, talvez alguma esperança de uma “navegação” lá atrás… De lá para cá outras experiências com a linguagem, outras ‘cartas’ escritas, que singram incansável por estas margens, e assim apresento “sob a ira do mar. A poesia é sempre um convite irrecusável. Boa leitura!
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