Apesar de não faltarem negacionistas, são muitos os fatos climáticos que atestam o aquecimento global. A atual seca da Amazônia é, segundo cientistas dos mais variados centros de pesquisas ao redor do globo, um anúncio de um futuro desastroso onde a floresta de maior biodiversidade do mundo transforma-se em savana. Manaus, capital do Amazonas, registra os níveis mais baixos de água em 124 anos enquanto a floresta arde em Alter-do-Chão, no município de Santarém, no Pará. A previsão é que a seca se estenda até 2024.
Além do El Niño, que aquece as águas superficiais do oceano no Pacífico Equatorial, também há o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, acima da linha do Equador, que inibe a formação de nuvens e reduz o volume de chuvas na região, atestam os estudos realizados pelos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O aquecimento global e o aumento da temperatura dos oceanos têm sido observados por organismos internacionais, como a Organização Meteorológica Mundial. A baixa dos rios na Amazônia ocorre entre setembro e outubro, mas com estes eventos a acontecer simultaneamente, estão sendo registradas secas históricas e é muito provável o atraso no início da estação chuvosa.
Hoje, quarta-feira, 8 de novembro, os cientistas do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia anunciaram uma previsão de que 2023 pode vir a ser o ano mais quente em 125 mil anos, de acordo com dados cruzados com os do IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas), que revelam que o mês de outubro passado foi o mais quente já registrado ao longo desse período, superando significativamente o recorde de temperatura do mesmo mês em 2019 e em 1,7°C a média do mês para o período pré-industrial – ou seja, a segunda metade do século XIX.
De 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, acontecerá a COP28, mas não é de agora que cientistas vêm alertando sobre as emissões de CO2. Na ocasião será reavaliada a meta estipulada em 2015 pelo Acordo de Paris, que estabeleceu um limite máximo ideal de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Enquanto aguardamos novos dados científicos, a Amazônia e o mundo sofrem desastres ambientais que impactam diariamente na vida das populações – principalmente as de menor poder econômico. Se não cobrarmos medidas concretas de nossos governantes e do grande capital para anteontem, a tão sonhada COP30, em Belém, poderá ser uma conferência para anunciar o fim do mundo.
Comentários