0
 

O Ministério Público mandou abrir inquérito para apurar as
circunstâncias da morte do historiador, ativista
cultural e ambiental
Valmir Bispo dos Santos, encontrado morto há uma
semana, enforcado. O caso foi dado como suicídio mas pode ter sido assassinato.
Membros do próprio Judiciário acreditam nessa hipótese.
É bom que investiguem. Meu cunhado Marco Antonio Mollinetti há dois anos
foi encontrado morto, enforcado, com um monte de remédios para depressão
espalhados, em um quarto de hotel, em plena missão como auditor fiscal do
Ministério do Trabalho e Emprego. Foi de imediato atestado suicídio, sem
qualquer exame toxicológico e outros da área médico-legal.
Marco era um homem bom, íntegro, honesto, seu trabalho era muito
perigoso e recebia ameaças de morte. Aplicou multas de muitos milhões a fazendeiros
que mantinham trabalhadores em regime de escravidão. De seus pertences
pessoais, desapareceu misteriosamente
a pasta com os documentos de seu trabalho. Tênis e roupas novas, por exemplo,
foram ignorados pelo suposto descuidista. Estava num momento feliz de sua vida
pessoal, não tinha motivos para se suicidar. A foto de seu corpo mostra a
mesmíssima posição em que foi encontrado o jornalista Wladimir Herzog, suicidado pela ditadura militar: as
pernas esticadas no chão, revelando que a altura não era suficiente para ele
mesmo se enforcar.  Não a posto por ser
demais chocante e para preservar meu sobrinho e afilhado de mais sofrimento. Fui
ao local e constatei a altura.
Pedi à polícia do Espírito Santo, onde aconteceu o óbito, providências.
Nada foi feito. Apelei e tive apoio da Amatra VIII (Associação dos Magistrados
Trabalhistas da 8ª Região), do então senador José Nery (PSOL-PA), presidente da
Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, que oficiou ao Secretário de
Segurança do ES e cobrou abertura de inquérito. Apresentei noticia criminis e pedi ao MPF que requisitasse investigação da PF.
Entregaram-me, por fim, um relatório pífio, com um monte de documentos
relatando providências policiais no mesmo dia da morte, o que é falso, porque
conversei pessoalmente com o delegado de Homicídios no dia seguinte ao óbito,
ele ligou na minha frente para o delegado de plantão no município e sequer
havia sido feito registro. Não investigaram e deram o caso por encerrado. Mas
jamais desistirei. Um dia vou encontrar no MPF o necessário amparo para reabrir
o caso e mandar para a cadeia os responsáveis pelo assassinato do meu cunhado. 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Pitaco estratégico

Anterior

Operação atrapalhada

Próximo

Você pode gostar

Comentários