Publicado em: 20 de março de 2013
Trabalhadores
comuns, de verdade, que dão duro diariamente para receber o salário mínimo no
fim do mês e que a cada quatro anos são adulados
com as promessas mais mirabolantes por hordas de candidatos em busca de um
mandato na Câmara Municipal de Belém, perderam a chance de ver seus eleitos em
esforçada e comovente atuação em
plenário, ontem.
comuns, de verdade, que dão duro diariamente para receber o salário mínimo no
fim do mês e que a cada quatro anos são adulados
com as promessas mais mirabolantes por hordas de candidatos em busca de um
mandato na Câmara Municipal de Belém, perderam a chance de ver seus eleitos em
esforçada e comovente atuação em
plenário, ontem.
Revoltadíssimos,
nossos vereadores colocaram todo seu talento verbal no trabalho de baixar o pau no projeto de um vereador
novo, Cleber Rabelo (PSTU), oriundo da construção civil, que pretende – ora,
vejam! – acabar com o vale-alimentação dos edis e diminuir os salários de Suas
Excelências, hoje por volta de R$40 mil (aí incluídos R$11 mil de básico, mais R$15
mil de verba de gabinete, mais R$14 mil de vale-alimentação, mais
telefone subsidiado, combustível, e, ainda, (ufa!) mais ajudazinhas de milzinhos
daqui, dois mil dali, etecetera e tal).
nossos vereadores colocaram todo seu talento verbal no trabalho de baixar o pau no projeto de um vereador
novo, Cleber Rabelo (PSTU), oriundo da construção civil, que pretende – ora,
vejam! – acabar com o vale-alimentação dos edis e diminuir os salários de Suas
Excelências, hoje por volta de R$40 mil (aí incluídos R$11 mil de básico, mais R$15
mil de verba de gabinete, mais R$14 mil de vale-alimentação, mais
telefone subsidiado, combustível, e, ainda, (ufa!) mais ajudazinhas de milzinhos
daqui, dois mil dali, etecetera e tal).
O
líder de Governo, Mauro Freitas (PSDC), acusou o autor de querer aparecer, disse que a CMB tem os
salários mais baixos do País(!), e não titubeou em convidar todos os colegas a
se manifestarem contra o projeto na tribuna. Empolgado, foi mais longe e conclamou
a população – aquela mesma, cuja maioria ganha salário mínimo!!! – a se
levantar patrioticamente contra a proposta e defender os salários dos
vereadores, porque lá na Câmara, segundo ele, a sociedade tem “35 guerreiros” a
lutar incansavelmente pelo povo. Céus!
líder de Governo, Mauro Freitas (PSDC), acusou o autor de querer aparecer, disse que a CMB tem os
salários mais baixos do País(!), e não titubeou em convidar todos os colegas a
se manifestarem contra o projeto na tribuna. Empolgado, foi mais longe e conclamou
a população – aquela mesma, cuja maioria ganha salário mínimo!!! – a se
levantar patrioticamente contra a proposta e defender os salários dos
vereadores, porque lá na Câmara, segundo ele, a sociedade tem “35 guerreiros” a
lutar incansavelmente pelo povo. Céus!
A
disposição guerreira em defesa dos próprios bolsos contagiou a maioria dos
bravos edis presentes. Orlando Reis(PTB) disse que o vale alimentação é usado
para comprar material de expediente. Ah! Então tá explicado: a CMB, que
dá notebooks de presente para seus vereadores (sim, eles levaram pra casa no
fim do mandato) e que tem grana para intermináveis viagens interestaduais ,
entre outros mimos, não estaria fornecendo papel, grampos, cola e demais
artigos, obrigando os vereadores a utilizarem os R$14 mil mensais do vale de
cada um na compra desse caríssimo (descobre-se agora) material. E haja clips!
disposição guerreira em defesa dos próprios bolsos contagiou a maioria dos
bravos edis presentes. Orlando Reis(PTB) disse que o vale alimentação é usado
para comprar material de expediente. Ah! Então tá explicado: a CMB, que
dá notebooks de presente para seus vereadores (sim, eles levaram pra casa no
fim do mandato) e que tem grana para intermináveis viagens interestaduais ,
entre outros mimos, não estaria fornecendo papel, grampos, cola e demais
artigos, obrigando os vereadores a utilizarem os R$14 mil mensais do vale de
cada um na compra desse caríssimo (descobre-se agora) material. E haja clips!
Aliás,
na definição de Reis, o vereador é a “tábua
de salvação” do Brasil, país, segundo ele, lotado de desempregados que são
socorridos pelos salários da turma do Legislativo municipal. E isto, na opinião
dele, nem é assistencialismo, um conceito ultrapassado diante da seriedade com
que a vereança se doa aos mais carentes. O nome certo dessa prática, conforme
esse vereador, seria solidarismo. Hummmm….
na definição de Reis, o vereador é a “tábua
de salvação” do Brasil, país, segundo ele, lotado de desempregados que são
socorridos pelos salários da turma do Legislativo municipal. E isto, na opinião
dele, nem é assistencialismo, um conceito ultrapassado diante da seriedade com
que a vereança se doa aos mais carentes. O nome certo dessa prática, conforme
esse vereador, seria solidarismo. Hummmm….
A
vereadora Meg Barros (PSOL) preferiu tentar desviar a mira para outros alvos,
dizendo que ninguém sabe dos salários da turma do Judiciário.
vereadora Meg Barros (PSOL) preferiu tentar desviar a mira para outros alvos,
dizendo que ninguém sabe dos salários da turma do Judiciário.
Tanta
retórica em causa própria incentivou Miguel Rodrigues (PRB) a um gesto extremo:
mostrando indignação pelas insinuações de que os vereadores de Belém ganham
muito mais do que merecem, declarou que seu carro é apenas um Fiat e que mora
com os pais, por não possuir casa. Coitado!
retórica em causa própria incentivou Miguel Rodrigues (PRB) a um gesto extremo:
mostrando indignação pelas insinuações de que os vereadores de Belém ganham
muito mais do que merecem, declarou que seu carro é apenas um Fiat e que mora
com os pais, por não possuir casa. Coitado!
Esse
atestado de pobreza não convenceu as poucas vozes dispostas a pelo menos
discutir o projeto com mais seriedade, como Fernando Carneiro (PSOL), que, além
de exigir dos demais o necessário respeito ao autor da proposta, que é pedreiro
mas foi eleito como os outros para chegar lá, perguntou aos colegas se eles
sabem realmente o que a população pensa deles. E refrescou a memória de todos citando os números nada elogiosos de
pesquisas que apontam os políticos como os menos confiáveis na opinião da
sociedade brasileira.
atestado de pobreza não convenceu as poucas vozes dispostas a pelo menos
discutir o projeto com mais seriedade, como Fernando Carneiro (PSOL), que, além
de exigir dos demais o necessário respeito ao autor da proposta, que é pedreiro
mas foi eleito como os outros para chegar lá, perguntou aos colegas se eles
sabem realmente o que a população pensa deles. E refrescou a memória de todos citando os números nada elogiosos de
pesquisas que apontam os políticos como os menos confiáveis na opinião da
sociedade brasileira.
E
isso tudo foi apenas a apresentação do projeto do Cleber Rabelo. Imaginem o dia
da votação.
isso tudo foi apenas a apresentação do projeto do Cleber Rabelo. Imaginem o dia
da votação.









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