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Mais de dez organizações sociais, entre pastorais, Igrejas, movimentos, coletivos, associações, sindicatos e entidades realizarão o 30º Grito dos Excluídos e Excluídas no dia 7 de setembro, em Belém (PA). Este ano, a caminhada será no Boulevard Castilho França, espaço a ser ocupado como forma de chamar a atenção de autoridades e população sobre o tema “Vida em primeiro lugar” e o lema “Todas as Formas de Vida Importam. Mas Quem se Importa?” que foram discutidos previamente nos Pré-Gritos realizados no bairro do Benguí (Belém), no território quilombola do Abacatal, em Ananindeua, e em Marituba, municípios da Região Metropolitana de Belém.

Em 2024 o Grito dos Excluídos e Excluídas celebra 30 anos de existência e resistência. Fruto da 2ª Semana Social Brasileira da CNBB, realizada entre 1993-1994, o Grito emergiu como espaço de articulação popular por direitos e Vida em Primeiro Lugar e de denúncia das desigualdades históricas, causadas pelo sistema capitalista que exclui, degrada e mata.

Com a participação de uma rede de articuladores e articuladoras em todo o Brasil, o Grito também anuncia e propõe a construção de um novo projeto de sociedade, que tem como grande desafio passar de um modelo de exploração, que visa tirar o máximo de lucro da natureza e da força humana a um novo modelo de cuidado, preservação e cultivo da vida.

Apesar das obras de infraestrutura em execução, sobretudo de trânsito e transporte, para a COP 30, a RMB é um recorte de problemas que não serão resolvidos e, ao contrário, gerarão novos desafios à população local. Um deles é o impacto gerado pela construção da Av. Liberdade dentro do território do Abacatal, onde foi realizado o primeiro Pré-Grito.

Em documento apresentado durante audiência pública para tratar da construção da avenida, a Associação dos Moradores e Produtores Quilombolas de Abacatal/Aurá apontou o desrespeito ao Protocolo de Consulta pelo governo. A AMPQUA também alertou que o traçado da Av. Liberdade desrespeita a área de amortecimento, que é de 10 km de distância da comunidade, segundo o Plano Diretor de Ananindeua construído em 2020. No projeto do governo, a distância entre a estrada do território e a avenida é de apenas 40 metros.

A violação, que já se dá por outros empreendimentos de energia elétrica, sufocam o território e ameaçam a biodiversidade. Hoje, essa diversidade que impacta positivamente a RMB é garantida pelas práticas de convivência com o bioma herdadas dos antepassados quilombolas.

Em Marituba, palco do terceiro Pré-Grito, os moradores convivem com os problemas gerados pelo aterro sanitário que atende a RMB. Criado em 2015 como alternativa ao “lixão do Aurá”, localizado em Ananindeua, que atingiu sua capacidade máxima, o aterro foi instalado sem a concordância dos moradores.

Pesquisa publicada na plataforma de periódicos da UFPA e realizada pelos economistas José de Ribamar dos Santos e Marcelo Diniz identificou impactos negativos significativos na saúde e bem-estar da população local, incluindo desconforto devido aos maus odores, problemas respiratórios, e deterioração da qualidade do ar e dos igarapés.

A má gestão dos resíduos na Região Metropolitana de Belém foi destacada como um retrocesso, sugerindo a necessidade de práticas mais eficazes. Recomenda-se que a população participe das discussões públicas e que se considere a implementação de usinas de reciclagem e compostagem como soluções sustentáveis e alinhadas com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

No Benguí, onde houve o segundo Pré-Grito, há diversas necessidades por serviços voltados à valorização de quem vive nas periferias. Mulheres estão se organizando para exigir apoio aos pequenos empreendimentos que movimentam a economia local. As reivindicações englobam ações que garantam o direito à alimentação saudável, à segurança e soberania alimentar, à reforma agrária, ao fortalecimento da agricultura familiar e à própria segurança de mulheres e jovens, que são as maiores vítimas de violência.

Movimentos sociais e Pastorais na organização: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Centro Alternativo de Cultura (CAC), Cáritas Brasileira Regional Norte II, Rede Eclesial Pan Amazônica (Repam), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) Belém, Rede de Promoção de Justiça Socioambiental dos Jesuítas do Brasil, Movimento República de Emaús, Santas Missões Populares, Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carta, Comissão Pastoral da Pesca (CPP), Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), Comitê Doroty, Pastoral da Criança, Pastoral da Aids, Igreja Luterana. Conselho Indigenista Missionário. Instituto de Pastoral Regional (IPAR), Pastoral da Juventude, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Pará, CSP Conlutas, Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), Sindicato dos Oficiais de Justiça do Pará (Sindojus), Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (Aeba), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), Sindicato dos Petroleiros (Sindpetro), Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Previdência, Saúde, Trabalho e Assistência Social no Estado do Pará (Sintprevs).

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