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Fotos: Viviane Sobral Franco

Fotos: Rio Capim Caulim
O
deputado Edmilson Rodrigues (PSOL) denunciou na tribuna da Alepa, hoje, que
ontem à noite o tanque de contenção da Rio Capim Caulim, do Grupo Imerys,
voltou a transbordar, contaminando novamente o rio Dendê, na comunidade
Curuperé, em Vila do Conde, município de Barcarena, Nordeste do Pará. O rio
ficou branco e Edmilson alertou para “terríveis problemas de pele em quem
entra em contato com a água”. A Imerys admitiu apenas “um
pequeno vazamento de caulim”, “de 20h54 às 21h03 (9 minutos), quando
foi totalmente contido”, e informou que a causa está sendo investigada. A
empresa nega que exista risco de rompimento das bacias e danos provocados à
pele pelo caulim, afirmando que o caulim é inerte e não tóxico. Isabela Malpighi,
Diretora de Meio Ambiente, Saúde, Segurança e Sustentabilidade, reiterou o
comprometimento com a segurança das atividades e com o esclarecimento dos fatos
às autoridades, que visitaram hoje a planta industrial de Barcarena.
Mas
a moradora Cleide Monteiro, integrante do grupo de trabalho que representa o Polo
Industrial de Barcarena, que procurou Edmilson na Alepa, relatou que o
vazamento ocorreu durante quatro horas. “O rio transbordou, encobrindo o
ramal de acesso à comunidade Acuí, o que dificultou estudantes e trabalhadores,
que residem no local, de voltarem para casa ao final do dia”. A
denúncia dos moradores é de que se o produto tocar a pele, “pipoca”, causa uma
séria alergia, que pode ser descamação, parecida com queimadura, especialmente
nas crianças. As pessoas que se arriscaram a atravessar de motocicleta ou
bicicleta, meios de transporte mais usados, acabaram sofrendo com respingos do
líquido.
Cleide
contou que a comunidade passou a noite em pânico porque chovia e o nível do rio
iria subir, com risco de romper o tanque da bacia de contenção, que já estava
transbordando, e poderia ampliar o impacto no meio ambiente e na comunidade que
reside no entorno. “A alta concentração de caulim no rio e no lençol
freático prejudica os poços de onde a comunidade consome água, prejudica a
pesca e as plantações, toda a cadeia alimentar da comunidade”, reclamou a
moradora.
O
acidente já foi denunciado ao procurador da República Bruno Valente, do MPF-PA;
à promotora de justiça Viviane Lobato, do MPE em Barcarena; e ao delegado de
Meio Ambiente, Marcos Lemos.
A
Imerys – Rio Capim Caulim enviou duas fotos afirmando que mostram o igarapé
Curuperé, em Barcarena, hoje, às 06:15 h da manhã, aparentando normalidade. Entretanto, as três fotos feitas pela promotora de
Justiça de Barcarena, Viviane Sobral Franco, que esteve no local hoje e constatou o vazamento no igaparé Curuperé revelam que, na verdade, o Igarapé, com águas brancas, está completamente tomado pelo caulim. Como se vê, a empresa Rio Capim
Caulim tentou enganar a opinião pública mostrando fotos que não retratam a
realidade. 

Equipes da Delegacia do Meio Ambiente (Dema) e das Secretarias de
Meio Ambiente do Estado e do Município de Barcarena também foram lá e
solicitaram uma perícia do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. O
Ibama foi acionado, mas até o início da tarde não apareceu. As famílias
ribeirinhas que dependem do igarapé estão desde ontem sem acesso à água,
poluída pelo minério. O MPF-PA já tem um procedimento que apura a poluição
causada pelo polo industrial de Barcarena e a Dema abriu inquérito para
descobrir as causas da nova ocorrência. A Promotoria de Justiça de Barcarena
instaurou um procedimento para investigar a extensão do vazamento, que pode ter
atingido o igarapé Dendê, onde também moram famílias ribeirinhas.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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