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Aita Altman trabalhava desde novinha na Petrobras, que funcionava no 3º andar do edifício Cosmorama, na Rua Manuel Barata, centro comercial de Belém, tocava piano e participava ativamente de grupos teatrais – seu nome figura, com destaque, no livro “Teatro de Vanguarda”, de Paraguassú Éleres, sobre a história do Norte Teatro Escola no Pará e os Festivais de Teatro de Estudantes. Três dias após o golpe militar de 1964, por ordem do interventor da Superintendência Regional da Amazônia, Coronel Nélio Lobato, foi proibida de entrar no prédio da Petrobras e em 16 de abril de 1964 foi demitida. Acusada de ter ligações com a União Soviética (!), foi recolhida no Presídio São José. Após a soltura, tinha que se apresentar semanalmente no QG, onde ouvia ameaças.
Perseguida em Belém, Aita tomou o rumo de outras plagas. Primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo, onde refez sua vida e se graduou em Sociologia e Política. Não foi fácil. Ninguém queria se comprometer dando trabalho para uma subversiva nos anos de chumbo. Hoje é anistiada e atua na área dos direitos humanos junto à Anistia Internacional, em São Paulo, além de participar do núcleo de tradutores da Organização, e faz pós-graduação em Política e Relações Internacionais. O seu tema de estudo e pesquisa é a tortura pelo viés de uma Ong que participa do trabalho da Pastoral Carcerária. Também é membro do Greenpeace e WWF na defesa do meio ambiente, e da UIPA e SUIPA na proteção dos animais.
Em 1938, Wilson Fonseca, então com 26 anos, compôs a valsa “Aita”, para piano solo, dedicada à sua sobrinha Aita Christine Malheiros Altman, filha de Rosinete Malheiros Altman (irmã de D. Rosilda, viúva de Isoca) e Arnaldo Altman. Agora, o filho do maestro Isoca, o magistrado e compositor Vicente Malheiros da Fonseca, dando prosseguimento a uma série de arranjos camerísticos que vem elaborando para obras musicais em homenagem às musas da família Malheiros-Fonseca, escreveu um arranjo para a valsa “Aita”, destinado a Quinteto de Sopros (Flauta, Oboé, Clarinete, Fagote e Trompa) e Piano. Vicente Fonseca enviou e-mail para a sua prima Aita, com a partitura musical e a gravação midi e mp3, em execução simulada por computador. Dela recebeu uma mensagem emocionante, onde confessa que chegou às lágrimas ao ouvir a valsa que lhe foi dedicada pelo maestro Isoca. Aita é neta de Vicente Malheiros da Silva e descendente dos confederados norte-americanos, por parte de sua avó materna Eula Hennington Malheiros, ambos falecidos.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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