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Sabemos que a solução para o enorme problema que é a poluição fluvial depende de políticas com as proporções amazônicas de nossos rios, envolvendo – e enquadrando – os próprios agentes poluentes, e coordenado com afinco pelos governos federal, estaduais e prefeituras. A participação da sociedade, entretanto, também é um fator determinante, principalmente no aspecto educacional de conscientização e mudança de comportamento. Há alguns anos, vários grupos de esportes aquáticos da zona metropolitana de Belém e em Santarém, por exemplo, organizam mutirões de limpeza em rios, furos, igarapés, engajando atletas e sociedade civil na preservação da natureza. Então aqui vai uma sugestão para as entidades de preservação ambiental: por que não promover em diversos municípios e regiões do Pará uma corrida ecológica tal qual a Taça de Plástico (PET Kupa), que é uma competição que acontece na Hungria em que as equipes se defrontam para recolher o máximo de lixo possível?

“O nome vem da Taça América, a famosa corrida de barcos”, afirmou Gergely Hankó, gestor de projetos do PET Kupa, em entrevista para a Euronews, que em parceria com a Comissão Europeia promove a campanha #WaterWiseEU na União Europeia. A transformação das ações de voluntariado em uma competição, na qual os vencedores são os que recolhem a maior quantidade de lixo da natureza, foi excelente para aumentar a participação dos adultos em ações ecológicas, atraindo muitos voluntários, empresas, ONGs e agentes políticos. Os esforços têm sido frutíferos: “normalmente, conseguimos recolher cerca de mil quilogramas por dia. Assim, uma tonelada por dia mantém os resíduos afastados”, disse Hankó. Além de grandes quantidades de plástico, como garrafas, os voluntários frequentemente recolhem latas de metal, pneus, pilhas e até eletrodomésticos, fazendo o bem ao mesmo tempo em que se divertem e fazem exercício físico.

A limpeza do rio Tisza deste ano coincidiu com o Dia do Danúbio, um evento anual realizado em vários países europeus para assinalar a assinatura da Convenção para a Proteção do Rio Danúbio. No Museu da Água da Hungria, em Esztergom, foi realizado um workshop especial para ensinar às crianças a importância ecológica do Danúbio. Foi também uma oportunidade para saber o que está a ser feito para combater a poluição causada pelos plásticos junto dos responsáveis pela gestão dos cursos de água daquele país.

Hankó faz questão de evidenciar que a prioridade fundamental para resolver o quebra-cabeças da poluição por plásticos é a prevenção. “Cada país tem de desenvolver o seu Sistema de Responsabilidade Alargada do Produtor. Nesse caso, é necessário um sistema de devolução de depósitos. Depois, há que lidar com os produtores, há que trabalhar na concepção ecológica, há que reduzir ao mínimo as embalagens, há que produzir embalagens feitas de um só material, pelo que todos têm de reduzir ao mínimo a utilização de materiais e diminuir os resíduos produzidos. Não é um bicho de sete cabeças, é apenas legislação muito lógica e depois ação”.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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