Publicado em: 26 de maio de 2025
Durante o Holocausto, cerca de 57,74% da população judaica da Europa foi exterminada pelos nazistas alemães. Antes da Segunda Guerra Mundial, a população judaica na Europa era de aproximadamente 9,7 milhões de pessoas. Os nazistas assassinaram aproximadamente 6 milhões de judeus ao longo de quatro anos, entre 1941 e 1945, através de extermínios em campos de concentração, fuzilamentos em massa e outras formas de violência brutal e desumana.
Este período trágico da história mundial tem servido como um alerta permanente da importância da memória histórica de cada povo e do compromisso com os Direitos Humanos como valor civilizatório. Importante frisar que, também em função do Holocausto dos judeus, além do Holocausto atômico perpetrado pelo governo americano contra o povo japonês, vide Hiroshima e Nagasaki, os Direitos Humanos ganham destaque de Declaração Universal da ONU, em 1948.
Na Faixa de Gaza o Holocausto está sendo perpetrado pelo governo judeu contra o povo palestino. Estima-se que 6% da população tenha sido exterminada por Israel desde o início da guerra em outubro de 2023. Ou seja, 3% ao ano, perspectiva estarrecedora. Esse número inclui vítimas diretas dos bombardeios e mortes indiretas causadas pela fome e falta de suprimentos essenciais.
A crise humanitária em Gaza é gravíssima, e a fome, usada como arma de guerra, tem sido um dos maiores ultrajes a toda a humanidade. Estima-se que mais de 70.000 crianças enfrentam níveis agudos de desnutrição, tal como as crianças judias nos campos de concentração nazistas. Agora, foi o governo judeu de Israel que bloqueou a entrada de alimentos e suprimentos por quase três meses, piorando a situação para 2,3 milhões de palestinos que vivem na região. Especialistas alertam que a fome pode se tornar ainda mais devastadora se a ajuda humanitária não for ampliada.
Se compararmos as baixas, desde o início da guerra em Gaza, mais de 18.000 crianças palestinas foram mortas. O número de crianças israelenses mortas não é tão amplamente divulgado, mas sabe-se oficialmente que apenas 9 crianças morreram em um único ataque em Khan Yunis. A ONU estima que uma criança morre a cada 10 minutos em Gaza, tornando este conflito um dos mais devastadores para crianças na história recente. É urgente algo seja feito.
No geral, desde o início do conflito em Gaza, em outubro de 2023, estima-se que mais de 53.900 palestinos tenham morrido. Do lado israelense, cerca de 1.200 pessoas foram mortas no ataque inicial do Hamas, e 251 reféns foram levados para Gaza. Todas vidas humanas imperdíveis.
Os números variam conforme as fontes, mas pelas contagens internacionais, o número de vítimas palestinas continua a crescer com os bombardeios e combates em curso sendo que a desigualdade dos números deixam claro que não se trata de uma Guerra, mas de um Holocausto, um extermínio de seres humanos, no século XXI, depois dos Direitos Humanos terem uma “Declaração Universal”, uma vergonha que apequena nossa geração.
O governo de Israel tem violado diversos acordos internacionais:
- Acordo de Associação com a União Europeia: A União Europeia está revisando este acordo devido a preocupações com o respeito aos Direitos Humanos.
- Direito Internacional Humanitário: O governo de Israel tem sido escrachado por bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o que pode configurar uma violação das Convenções de Genebra. As crianças são as principais vítimas alvo.
- Resolução da ONU sobre Gaza: A ONU e diversos países têm pressionado Israel a cessar os bombardeios e permitir a entrada de suprimentos essenciais.
- Crime de guerra e limpeza étnica: Algumas ações do governo israelense, como o deslocamento forçado da população palestina, foram denunciadas como claros crimes de guerra.
A “pressão” internacional sobre Israel tem aumentado, com países como Reino Unido e Canadá, que antes apoiavam com inércia, agora ameaçam com sanções. Mas os silêncios ainda são mais eloquentes.
Sem dúvidas o que ocorre em Gaza constrange profundamente os humanistas, principalmente os humanistas judeus que também têm execrado seu próprio governo.
Yuval Harari, israelense, historiador e autor de Sapiens, tem se manifestado sobre a guerra em Gaza em diversas ocasiões. Ele argumenta que o ataque do Hamas a Israel teve como objetivo eliminar qualquer chance de paz. Mas Harari também critica o governo israelense, afirmando que Benjamin Netanyahu não tem se esforçado nem um pouco para buscar um tratado de paz com os palestinos.
Em um evento pacifista em Tel Aviv, Harari destacou que ambos os lados precisam reconhecer a existência um do outro e abandonar as “fantasias de destruição”. Ele enfatizou que tanto israelenses quanto palestinos têm um vínculo histórico e espiritual com a região e que o medo de serem exterminados é justificado para ambos os povos. Além disso, Harari defende que a comunidade internacional deve preservar o espaço da paz, mantendo a empatia e a visão dos dois lados enquanto o conflito persiste. Harari representa a parcela humanista de Judeus que cresce e começa a incomodar seu governo internamente.
Contudo, ao mesmo tempo em que a resistência contra o Holocausto Palestino dentro de Israel cresce, também cresce no mundo todo admiradores do nazi-fascismo que vibram com os feitos bélicos e ideológicos do governo israelense, inclusive em países como o Brasil onde já há anos se tornou comum ver a bandeira de Israel ser balançada junto com a brasileira e a dos EUA nas manifestações dos seguidores dos golpistas liderados por grandes grupos econômicos sob rótulos como Bolsonaro, Tarcísio, Baleia Rossi, Silas Malafaia etc.
Mas em nenhum lugar do mundo cresce tanto o apoio ao governo de Israel quanto nos EUA. Pelo menos eles tem motivos bem mais concretos do que os manipulados apoiadores brasileiros. Os Estados Unidos têm confessos interesses estratégicos e econômicos na guerra em Gaza:
- Indústria bélica: Empresas americanas do setor de defesa, como Lockheed Martin e General Dynamics, lucram bilhões com a venda de armas e equipamentos militares para Israel. Pesquisa aí. O conflito aumenta a demanda por munições, veículos blindados e sistemas de defesa.
- Influência geopolítica: O apoio a Israel fortalece a posição dos EUA no Oriente Médio, garantindo alianças estratégicas e influência sobre a região, principalmente com relação aos negócios do petróleo.
- Controle de recursos: A guerra afeta o mercado de energia e pode influenciar negociações sobre gás natural no Mediterrâneo. De novo o petróleo.
- Ajuda humanitária e reconstrução: Além dos lucros militares, empresas americanas também se beneficiam de futuros contratos para reconstrução de Gaza, daí o projeto Trump de Resorts. E, até assistência humanitária.
Mas e a Crise Climática, o Acordo de Paris e a COP 30? Pensa aí.
A guerra em Gaza tem diversas motivações, incluindo fatores políticos, territoriais e de segurança. No entanto, sem dúvida, por todo o histórico, há aspectos econômicos determinantes:
- Recursos naturais e controle territorial: A Faixa de Gaza tem acesso ao Mar Mediterrâneo onde, além do potencial turístico, há importantes reservas de gás natural. O controle desses recursos são um fator estratégico na disputa.
- Impacto na economia de Israel: O conflito afeta setores-chave da economia israelense, como tecnologia e turismo. A instabilidade pode ser usada para justificar investimentos militares e políticas de segurança. O governo de Israel fomenta o medo dos Israelenses para ter autoridade para eliminar adversários internos, políticos e econômicos.
- Dependência econômica palestina: A economia da Faixa de Gaza e da Cisjordânia depende fortemente de Israel. Restrições comerciais e bloqueios impactam diretamente a população palestina, aumentando a tensão.
- Sanções e comércio internacional: A guerra gera reações da comunidade internacional, afetando acordos comerciais e investimentos estrangeiros em Israel e nos territórios palestinos.
Esses fatores mostram como a economia pode ser trabalhada tanto como causa quanto consequência do conflito. Ou seja, ganham vendendo armas, munições, remédios e por isso fomentam a guerra. E já estão na disputa da reconstrução de Gaza, tanto como fonte para a economia do petróleo quanto como pólo turístico. Além da subordinação da mão de obra palestina em todos os setores.
Enquanto isso: O PIB de Israel(Produto Interno Bruto) sofreu uma queda de aproximadamente 5% no quarto trimestre de 2023, devido à guerra. Antes do conflito, o país esperava um crescimento de 3,5%, mas a realidade foi bem diferente. Ou seja, enquanto os contribuintes israelenses custeiam a guerra com uma carga tributária de 31,4 do seu PIB(no Brasil é de 34,2%), a elite protegida do governo israelense e seus aliados acumulam ativos em escala estratosférica. Mais do mesmo, mais de sempre.
O Desemprego em Israel, está em 18% da força de trabalho, no Brasil 7%. Com o conflito, mais de 300 mil reservistas convocados e 250 mil civis deslocados, gasto público na veia do povo israelense. Quanto à Inflação e consumo, o consumo privado em Israel caiu 26,9%, enquanto os investimentos em ativos fixos despencaram 67,8%. A agência de crédito Moody’s chegou a rebaixar a nota de crédito do país devido aos riscos políticos e fiscais. E tem mais. Serviços, turismo e tecnologia foram duramente atingidos, com uma previsão de queda de 11% no PIB israelense no terceiro trimestre de 2024. Imagina se esses números fossem no Brasil.
Eduardo Galeano(1940 a 2015), escritor e jornalista uruguaio, autor de As Veias Abertas da América Latina, criticava fortemente as guerras e seus impactos sociais e econômicos que precisamos aprender, sempre. Em seus textos, ele denunciava como os conflitos são justificados por razões nobres, como segurança, democracia, liberdade e/ou fé, mas, na realidade, servem para interesses econômicos e políticos, ou seja, apenas poder.
Ele explicava como a indústria bélica prospera com os conflitos, enquanto milhões de pessoas sofrem sem trabalho e dignidade, com fome e doenças evitáveis. Tudo isso porque escolheram as guerras como uma estratégia de ganhar dinheiro e dominação política e econômica global, onde os países que produzem armas acabam sendo os mesmos que controlam as decisões internacionais, vide a composição do Conselho de Segurança da ONU, onde falam que defendem a paz.
Galeano nos deixou para pensar… “Nenhuma guerra tem a honestidade de confessar: eu mato para roubar.”
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