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O fortalecimento do ensino superior no arquipélago do Marajó, historicamente marcado por desigualdades sociais e desafios estruturais, representa uma das mais importantes estratégias para promover desenvolvimento humano e sustentabilidade. Nesse cenário, a Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio de seu Campus Universitário do Marajó–Soure, tem desempenhado um papel fundamental na inclusão e democratização do conhecimento ao lançar um edital inédito que amplia significativamente o acesso à formação superior.

De acordo com o coordenador do campus, Dr. Juliano Cássio da Silva Conceição, a universidade cumpre no Marajó um papel que vai além do ensino formal. Para ele, a presença da UFPA na região “é um agente de transformação”. Sob uma perspectiva inspirada nas ideias de Paulo Freire, que defendia a educação como instrumento de libertação, o coordenador lembra que “a cada edital que a UFPA publica de seu Processo Seletivo, ela oferece acesso ao conhecimento científico, tecnológico e cultural que possibilita a formação de profissionais qualificados, preparados para atuar nas mais diversas áreas”.

O novo Edital nº 03 – COPERPS, de 20 de outubro de 2025, marca um momento histórico para a educação marajoara. Pela primeira vez em quase quatro décadas, o campus de Soure oferece sete cursos de graduação em um único processo seletivo: Administração, Ciências Biológicas, Física, Letras – Língua Portuguesa, Letras – Língua Inglesa, Química e Serviço Social. São 285 novas vagas. “Para mim, enquanto marajoara que sou, iniciar a gestão do Campus e já no primeiro processo seletivo poder proporcionar uma diversidade de cursos para a nossa população marajoara poder buscar sua qualificação é motivo de enorme honra e felicidade”, declarou Dr. Juliano Cássio, acrescentando que a emoção é compartilhada por sua vice-coordenadora, professora Leandra Pinheiro.

A ampliação da oferta vem acompanhada de outra conquista simbólica: depois de 15 anos, o campus volta a oferecer turmas no período noturno, o que permitirá que profissionais já inseridos no mercado de trabalho possam conciliar emprego e formação universitária. A medida, segundo o coordenador, responde a uma demanda antiga da comunidade.

Juliano Cássio enfatiza que a conquista é resultado de um esforço coletivo dentro da estrutura da UFPA. Ele expressou “enorme agradecimento às pessoas envolvidas nessa enorme conquista”, citando os gestores que aceitaram flexibilizar seus cursos para a oferta em Soure. Entre eles, menciona o professor Armando Lírio, diretor do ICSA; professor Isaac Matias, diretor da FAAD; Silvio Carlos Filho, coordenador do Campus de Breves; professora Merize de Jesus Américo, diretora da Faculdade de Serviço Social; professor Alcy Favacho, coordenador do Campus de Ananindeua; professor Aureliano Guedes, diretor da Faculdade de Química; e professora Darlene Ferreira, diretora da Faculdade de Física. Ele também destacou o apoio institucional recebido da professora Lucilena Gonzaga, pró-reitora da PROEG, e da alta gestão da UFPA, representada pelo reitor Gilmar Pereira da Silva e pela vice-reitora Lioane Verbicaro.

Para o coordenador, a expansão das oportunidades educacionais na ilha é um passo decisivo para o fortalecimento da cidadania e da autonomia da população marajoara. “Investir na educação superior no Marajó é investir no futuro da região, das pessoas e fortalece a cidadania”, afirma. Na sua visão, a presença da universidade no território cumpre uma função estruturante, ao gerar não apenas formação acadêmica, mas também transformação social, inovação científica e valorização das identidades culturais locais.

O avanço no número de cursos e na diversidade de turnos cimenta o papel do Campus Universitário do Marajó–Soure de polo de desenvolvimento regional, expandindo as fronteiras do ensino público e gratuito na Amazônia. “E assim vamos seguindo com mais avanços para o nosso amado Campus Universitário do Marajó–Soure e, por consequência, para a população marajoara”, conclui o coordenador, que defende com todas as suas forças que o ensino superior é a principal ferramenta para romper ciclos de exclusão e construir um futuro mais justo, solidário e sustentável para o arquipélago.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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