Publicado em: 3 de novembro de 2025
Muitas vezes, andando mundo afora, vou vendo e aprendendo coisas de outros lugares e sentindo como ainda estamos carentes de certas coisas e precisamos superar.
Quando adolescente, fui guia de turismo, de graça, levado pelo saudoso sr. Washington Costa, que era diretor do Departamento de Turismo da prefeitura que funcionada no térreo do Ed. Manuel Pinto da Silva. Os ônibus eram aqueles antigos, de papelão, simples, mas eram limpos e bem cuidados. O percurso era sempre o mesmo: visita panorâmica na cidade, passando pelo Ver-o-Peso, Praça D. Pedro II, Largo da Sé, Presidente de Vargas, Praça da República, Teatro da Paz, Basílica de Nazaré e Museu Goeldi. Demorava em torno de duas horas o trajeto todo, tudo bem explicado para os turistas, que, na época, hospedavam-se no antigo Central Hotel, ou no Hotel Grão-Pará (era o mais chique da cidade), ou no Hotel Avenida ou no Vanja Hotel. Era o que se tinha e ninguém se queixava.
Hoje em dia, o turismo virou indústria e anda muito bem obrigado em vários lugares do mundo, e Belém, nesses dias de COP-30, está tendo visibilidade incomum, o que permite sugerir (talvez ainda haja tempo), que se passe a usar o sistema hop-on hop-off para atender o turismo receptivo interno.
Trata-se de uso de ônibus panorâmicos, de dois andares, com ar-condicionado e sistema de audioguia em vários idiomas (português, inglês, francês, alemão, mandarim, espanhol e outros), explicando sobre a cidade e o que está sendo visto, com paradas estratégicas em locais onde se encontram os principais pontos turísticos de Belém, onde, como sabemos, não existe um serviço de ônibus hop-on hop-off padrão
Segundo se sabe, estão sendo oferecidas opções alternativas de city tours guiados, mas não é a mesma coisa.
No sistema hop-on hop-off a grande vantagem é a flexibilidade que tem o turista de subir (hop-on) e descer (hop-off) quantas vezes quiser, em diferentes paradas ao longo do trajeto, durante o período de validade do bilhete, geralmente de 24h, 48h ou 72h.
Imaginemos Belém com esse tipo de ônibus, permitindo parar em uns 10 pontos de atração, com ônibus a cada 30 minutos ou mais (na Europa geralmente a cada 10 minutos). E o turista desce numa das paradas que quiser e explora os locais como desejar, sem pressa, e pega o ônibus seguinte. Coloca seu fone de ouvido com áudio multilíngue e continua seu passeio. Ficará certamente feliz de poder turistar na nossa cidade morena.
Se quiser, pode ir além. Fazer breves cruzeiros ao entardecer saindo da Estação das Docas (já existe esse passeio de barco), ou visitar a Ilha do Combu, num percurso absolutamente pitoresco para o turista de outras plagas. E ainda podem programar passeios noturnos (Belém by night), com duração em torno de duas horas para visitar os pontos principais da cidade, iluminados e com beleza diferenciada.
Quam já foi a Paris, Lisboa, Bruxelas, Colônia, Londres, Barcelona, Berlim e Roma, por exemplo, já usou dessa espécie útil e agradável de city-tour. Basta o ônibus, o motorista (que também será o vendedor dos ingressos, que podem ser adquiridos por outros sistemas, inclusive on line), o sistema de audioguia, uma forte dose de boa vontade, e, mãos à obra e bons passeios.
Permito-me sugerir um trajeto inicial, de 10 pontos de paradas, iniciando e terminando na Praça da República. Nesse circuito, pode ver e parar na Praça Batista Campos, Basílica de NS de Nazaré, Museu Goeldi, Mercado de São Braz, Estação das Docas, Ver-o-Peso, Feliz Luzitânia, e por ai vai… E, poderá repetir à noite, sem paradas.
A sugestão está dada. Belém agradece e os turistas também agradecerão. Mãos à obra.




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