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A situação em todo o município de Barcarena é dramática: os moradores precisam ficar com as portas e janelas de suas casas fechadas por causa do odor fétido das centenas de reses em estado de putrefação na praia. Os ribeirinhos estão impedidos de pescar, em razão da contaminação do rio com o vazamento de óleo diesel e os quase cinco mil bois mortos dentro do navio Haidar, naufragado no último dia 6, no porto de Vila de Conde, que é administrado pela Companhia Docas do Pará, vinculada ao Ministério dos Portos. Para agravar ainda mais o cenário, as barreiras de contenção de óleo se romperam em pleno domingo, lançando ao sabor da maré centenas de cadáveres de animais. Com as praias interditadas – inclusive a de Beja, em Abaetetuba -, também os barraqueiros perderam a sua fonte de renda. O desespero toma conta de centenas de famílias. Muitas pessoas têm procurado os postos de saúde, sentindo dores na cabeça, no estômago e dificuldades para se alimentar. As famílias têm medo de usar os poços artesianos de suas casas para suas atividades domésticas.  Tristeza, revolta e indignação são os sentimentos dos moradores.
Profissionais de saúde, medicamentos, materiais e uma unidade móvel com três consultórios foram instalados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública, em apoio à Prefeitura de Barcarena, para atendimento emergencial da população e vacinar contra hepatites, distribuir água e hipoclorito e esclarecer acerca das possíveis consequências do contato direto ou indireto com restos de animais e águas poluídas. O Laboratório Central da Sespa monitora a intensidade da contaminação. 

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade também integra a força-tarefa e acompanha o trabalho de retirada das carcaças das praias pela empresa contratada pela CDP, que, por sua vez, acionou a empresa dona do navio para que assuma suas responsabilidades, em especial o contrato com a seguradora, que já foi assinado. A Marinha do Brasil está participando ativamente de todas as atividades para ajudar a população. O comando unificado das ações do Estado em Barcarena está sob a coordenação do Coronel Lima, da Defesa Civil, e o município está declarado oficialmente em estado de emergência.

Não é hora de procurar culpados, e sim de todas as esferas – municipal, estadual e federal – agirem em sintonia a fim de minorar o sofrimento de uma região inteira e impedir que o desastre ambiental, que já é enorme, tome proporções amazônicas. 

Leiam mais e vejam as fotos no post A tragédia socioambiental em Barcarena.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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