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Belém recebeu, no último dia 17 de novembro, o encontro “Para além de Belém: O legado da COP30”, realizado pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil, reunindo pesquisadores, ambientalistas, representantes do setor produtivo e nomes de destaque na agenda climática. Entre eles, esteve a navegadora e escritora Tamara Klink, que concedeu entrevista exclusiva para o Uruá-Tapera.

Aos 28 anos, Tamara carrega feitos históricos que a colocam como referência mundial na navegação solitária. Tornou-se a primeira mulher a invernar sozinha no Ártico e a pessoa mais jovem (e a primeira da América Latina) a cruzar sozinha a Passagem Noroeste. Antes disso, já havia realizado múltiplas expedições independentes: aos 24 anos atravessou o Atlântico pela primeira vez, navegou do Norte da Europa à França, cruzou o oceano novamente em 2021 e, depois, seguiu solo até a costa do Brasil. Assina livros adotados em escolas, tem mestrado em arquitetura e cresceu embarcada com os pais, Amyr Klink e Marina Bandeira Klink, acostumada ao vento, ao sal e ao horizonte.

Durante a conversa, relatou que, em todas as rotas percorridas, do Brasil ao Ártico, passando por portos europeus, jamais avistou praia livre de resíduos. No mar, o cenário se repete. “Não passo um dia navegando sem ver lixo”, afirmou, destacando que grande parte do material é plástico descartável ou equipamentos de pesca abandonados, concebidos para capturar e matar organismos marinhos. O impacto, como ela enfatiza, não é distante. Os microfragmentos retornam à cadeia alimentar, chegam ao corpo humano, alteram formas de vida e moldam relações com as cidades.

Tamara defendeu que a poluição não pode ser tratada como fenômeno invisível, tampouco adiada por soluções teóricas. Ela lembra que o design de embalagens, objetos e construções precisa incluir desde a origem o destino final dos materiais. Em sua formação em arquitetura, descreveu, nem sempre havia a percepção de que o que se projeta hoje torna-se o resíduo de amanhã.

Segundo a navegadora, o desafio está em exercer coragem projetual e política, pensando o longo prazo com responsabilidade. Não apenas sobre oceanos distantes, mas sobre as águas que chegam às praias de Belém e que conectam a Amazônia ao mundo.

Assista à entrevista:

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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