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“Viemos para escapar do forno de Belén, no inverno de São Paulo e encontramos quase o mesmo calor. Somente nos dois últimos dias veio um friozinho. São Paulo e como o mundo todo, diz a musica. Multidões de todo o Brasil acotovelam-se nas ruas, carros buzinando, ônibus resfolegando, aviões e helicópteros zunindo no ceu. Primeiro, fomos assistir ao Grupo Corpo, no Teatro Sérgio Cardoso (ator paraense), com balés que têm a trilha sonora composta por Arnaldo Antunes e João Bosco. Admirável performance, precisão e técnica. O grupo passa o ano viajando pelo mundo e acaba de voltar de um festival em Edimburgo, Escócia. Agora passa cinco semanas em SP. Plateia sempre lotada e aplaudindo por vários minutos no final. Ano que vem completa 50 anos de atividades e bem que podia voltar a Belém, onde esteve há uns trinta anos, talvez.
Pegamos muitos uber e o melhor de tudo é a conversa com os motoristas. Antenor repara no nosso sotaque e, ante a resposta, afirma que está indo morar em Belém. De Aracatuba, trabalha como representante de produtos educacionais e completa a renda no carro. Um amigo abriu escritório em Belém e o chamou, como alguém de confiança. Está bem animado. Tomara que dê certo. Outro que tal chama-se Eurípedes. Falo da importância do grego para o teatro mundial e ele responde que sabe muito bem das tragédias, das peças escritas para mulheres e que costuma transportar fãs e atores que, logo ao entrar no carro, perguntam pelo teatro. Comenta de uma cliente que vem de Curitiba apenas para assistir peças. Adora teatro e tem uma frustração por não ter seguido a carreira. Hoje, trabalha com TI. Eurípedes nos confessa que achou que a moça não parecia indicada a essa carreira. ¨Ela me pareceu bem tímida e acho melhor que tenha seguido a outra profissão. Agora estamos no TUCA Arena para assistir Kiko Mascarenhas em ¨Todas as melhores coisas do mundo¨. Sozinho no meio da arena, ele emociona e conta com a participação da plateia, conseguindo um ambiente maravilhoso em que todos sentem como se estivessem também fazendo o espetáculo. Ao final, convoca todos a divulgar o teatro, dizendo algo muito certo. ¨Às vezes a gente fala com os amigos, vocês já assistiram a série tal na Netflix. Agora que tal dizer, vocês já assistiram a peça tal no teatro¨. Amanhã vamos ao mítico Teatro Oficina. Depois já é hora de voltar. Elias Hage estava assistindo ao musical ¨Priscilla¨ e ficou no Astor, onde estávamos com a galera do Corpo. Foi isso. Agora retornar ao trabalho e brea de Belém.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte. Foto: Ronaldo Rosa

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