Publicado em: 24 de novembro de 2025
O autor do Hino do Clube do Remo era remador e poeta. Era ligado ao clube
por conta do pai estimulá-lo ao esporte mais popular da época que era a
regata. E baía do Gajará era palco dos torneios entre os clubes da época,
início do século 20, da mesma forma como ainda é feito hoje entre Remo,
Paysandu, Tuna Luso Brasileira e outros clubes que surgiram e desaparecem
ao logo do tempo.
No caso específico da origem do hino do Clube do Remo, a letra está
intrinsicamente ligada à regata e surgiu como uma oração, rezada antes das
disputas, a fim de estimular os atletas, abraçados rumo à vitória.
O poema é uma exaltação ao vigor, palavra que se repete cinco vezes, uma
canção à juventude, clamor à vitória, energia à união, respeito à azul bandeira,
ao sonho da conquista que se concretiza com o amor ao clube – amor que é a
mesma coisa que lutar.
“Atletas azulinos somos nós
E cumpriremos o nosso dever
Se um dia quando unidos para a luta
O pavilhão soubermos defender
Enquanto a azul bandeira tremuleja
O vento a beija, como a sonhar
E honrando essa bandeira que paneja
Nós todos saberemos com amor lutar
E nós atletas temos vigor
A nossa turma é toda de valor
E nós atletas temos vigor
A nossa turma é toda de valor
Nós todos no vigor da mocidade
Vamos gozando nessa quadra jovial
E nós, os azulinos da cidade
Rendemos viva ao nosso ideal
Em cada um de nós mora a esperança
Essa pujança, nosso ideal
E como somos do Clube do Remo
No nosso amor diremos que não tem igual
E nós atletas temos vigor
A nossa turma é toda de valor
E nós atletas temos vigor
A nossa turma é toda de valor”
O autor é o genial poeta, falecido à roda da fatídica data dos 27 anos de idade,
nasceu em 1908 e morreu em 1936, e a melodia é de Emílio Albim, poeta,
cantor e compositor, acadêmico de medicina, intérprete de modinhas e
canções populares, e que foi à época um dos mais reconhecidos compositores
paraenses, nascido em 1910 e falecido em 1939 – e tendo em comum com
Tavernard a morte precoce.
Antonio Tavernard morreu aos 27 e seu colega de composição, Emílio Albim,
aos 29.
O hino é um “poema ao vigor da juventude” como digo, foi publicado pela
primeira vez em 1951 e se consolidou como um dos principais símbolos do
clube
A letra de Antônio Tavernard e a música de Emílio Albim falam de juventude,
força e vigor de superação.
O Poeta da Vila (Tavernard nasceu em Icoaraci, distrito de Belém).: “Grandes
homens suportam grandes dores, os maiores transformam a dor em poesia”
É o mais o mais moço dos poetas paraenses, como defendo em meu livro
Moços & Poetas, livro que eu lancei em 2016.
Digo que alegria em sua poesia pela vida supera a dor de ter sofrido, em toda a
sua juventude, do mal de Hansen, doença que o vitimou aos vinte sete anos de
idade e alguns meses.
Sua poesia contorna toda essa tragédia para transparecer luminosa e alegre,
como a dos grandes poetas que fizeram da juventude o seu entusiasmo. É por
isso que eu defendo Antônio Tavernard como o poeta de um entusiasmo vital,
aquele que faz da poesia uma condutora da humanidade.
Por isso, enfatizo o teor de juventude na poesia de Tavernard com uma dose
elevada de um “égon” – uma energia de uma luta corporal – algo identifico
também em Mário Faustino e Paulo Plínio Abreu, mais dois grandes poetas
que vieram em Belém do Pará: “Nós todos no vigor da mocidade”, essa
“pujança”, reduto de uma energia sem igual que mora em cada um de nós – os
atletas do Clube do Remo.





Comentários