Publicado em: 19 de abril de 2025
Em plena Sexta-Feira Santa, 18, Rondilson de Jesus dos Santos, agricultor familiar, líder comunitário e pai de três crianças, foi brutalmente assassinado em Anapu, no Pará, município tristemente famoso pelos crimes cometidos pela posse da terra, onde foi assassinada por pistoleiros, com seis tiros, a missionária Dorothy Stang, aos 73 anos, portando perigosamente uma Bíblia nos braços, há vinte anos, de manhã cedo, em 12 de fevereiro de 2005.
O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, postou em seu perfil no X sobre o crime e providências. “Nesta Sexta-Feira da Paixão o líder da Contraf na região de Anapu (PA), Ronilson de Jesus Santos, foi covardemente assassinado. A região é palco de conflitos entre agricultores e madeireiros. Estamos tomando providências para garantir que o crime não fique impune. Conversei com o secretário de Segurança do Pará, Ualame Machado, para pedir investigação e proteção aos demais agricultores. Ele se comprometeu a enviar agentes ao local. Além disso solicitei à ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, que o assentamento e o acampamento do Vale do Pacuru sejam incluídos no Programa de Proteção de Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos. Ronilson deixa esposa e três filhos pequenos. Toda minha solidariedade à família.”
Os projetos de Assentamentos Vale do Pacuru e Virola Jatobá há décadas são palco de uma guerra de madeireiros e grileiros, armados e protegidos pela impunidade, contra mais de cem famílias que só querem o direito de plantar e criar seus filhos. De acordo com uma liderança local, “o Incra até fez cadastros, prometeu regularização, mas enquanto o Estado demora, a violência chega primeiro.”
Pelo menos 21 assassinatos ligados a conflitos agrários foram perpetrados desde 2005, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). A violência é impulsionada pela grilagem, desmatamento e exploração ilegal de madeira, agravada pela ausência de regularização fundiária efetiva e pela pressão de grandes fazendeiros e madeireiros.
Os Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDSs), como o Esperança, idealizados para promover agricultura sustentável, enfrentam invasões e queimadas, emanando centenas de focos de calor.
Nada menos que 1.115 homicídios por conflitos no campo aconteceram em Anapu entre 1985 e 2014, sendo que apenas 12 foram julgados. A redução de desapropriações para reforma agrária e a camuflagem de assassinatos como crimes comuns dificultam a resolução. Não existem ali políticas públicas que garantam segurança e direitos aos trabalhadores rurais. Ninguém investiga os crimes, não providenciam a proteção aos agricultores e muito menos a regularização fundiária. Em Anapu, a luta pela terra e pela floresta continua ceifando vidas.
Fotos: Getty Images




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