Publicado em: 31 de agosto de 2016
Hoje é um dia triste, dramático e histórico para o Brasil. Pela quarta vez desde o fim da era Vargas, em 1945, uma presidente da República não concluirá seu mandato. E pela segunda vez um presidente da República sofre impeachment. Todos os ex-presidentes da República desde a redemocratização do País foram alvo de pedidos de impeachment. Mas só Fernando Collor de Mello e Dilma Dilma Rousseff foram destituídos do poder, por esse instrumento. E, suprema ironia do destino, Collor, hoje senador por Alagoas, votou a favor do impeachment de Dilma.
A presidente apeada recorreu, em seu discurso de despedida, a versos do poeta russo Vladimir Maiakovski: “Não estamos alegres, é certo, mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado. As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta.”
O mar da história é agitado. As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta.”
Rei morto, rei posto. Michel Temer já é o 37º presidente do Brasil, o 14º a assumir o cargo sem ter sido eleito diretamente pelo povo, desde 1945.
Dilma sustenta que recorrerá da decisão do Congresso. Mas a verdade é que, mesmo se tivesse conseguido barrar o impeachment, não teria condições de governar. O placar de sua derrota, 61 votos a 20, somado à sua popularidade, que caiu rés ao chão, é um recado claro da História: um presidente da República não pode se negar a receber parlamentares, a conversar e pedir ajuda para aprovar matérias no Congresso. Dilma esqueceu que o seu governo era um governo de coalizão, que não podia tomar decisões solitárias. Repetiu o erro de Collor, com agravantes. A crise política e econômica, a perda da base parlamentar, o desemprego de 12 milhões de brasileiros e a avalanche de denúncias de corrupção na Operação Lava Jato cavaram o apoio da sociedade ao processo de impeachment. Não dá para falar em golpe. A própria presidente afastada reconheceu, em seu pronunciamento, que foi punida “pelo conjunto da obra”.
Aliás, sabe-se que o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros(PMDB), costurou o acordo que preservou os direitos políticos de Dilma Rousseff. É mais uma, digamos, curiosidade histórica. Tanto quanto o inusitado apoio de Requião e de Kátia Abreu.
De tudo, a certeza de que a Democracia brasileira sai robustecida desse desgastante processo. Que a nação mantenha viva essa memória na hora de escolher de novo governantes e parlamentares. Viva a cidadania!
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