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A ação “Fila Sustentável – Do Boi Azul ao Vermelho à Reciclagem Consciente” conseguiu que a tradicional rivalidade entre Caprichoso e Garantido ficasse de lado e fez com que os bois do Festival Folclórico de Parintins firmassem uma parceria que promoveu a instalação de um sistema de coleta seletiva e educação ambiental nas filas do Bumbódromo, um dos pontos de maior concentração de público durante o evento.

Com público superior a 120 mil pessoas nos três dias de festa, a região ao redor do Bumbódromo historicamente enfrenta problemas com a geração de resíduos, principalmente copos descartáveis, garrafas PET e embalagens de alimentos. A ausência de infraestrutura adequada dificultava tanto a limpeza urbana quanto o trabalho dos catadores locais, que dependem do material reciclável como fonte de renda.

A iniciativa foi idealizada pela Maná Produções, com patrocínio da Natura, e contou com a instalação de Ecopontos ao longo das filas dos torcedores dos bois, que recebem cerca de 8 mil pessoas por dia. Para a operação, foram mobilizados mais de 60 profissionais, entre catadores, educadores ambientais e coordenadores de campo, que atuaram com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), uniformes especiais e o apoio de um motocar para o recolhimento contínuo dos resíduos.

Nos três dias do evento, foram coletados aproximadamente 350 kg de materiais recicláveis, como PET, alumínio e papelão, que foram encaminhados ao galpão da ASCALPIN – Associação dos Catadores de Parintins. A ação, além de evitar o descarte inadequado de resíduos nas ruas, valorizou o trabalho dos catadores, fortalecendo a cadeia local de reciclagem.

Esse é o tipo de iniciativa que deveria ser copiada, para anteontem, em todo o Pará. Já é uma tarefa árdua encontrar lixeiras, de lixo indiferenciado mesmo (tente caminhar com um cachorro e fazer a devida e obrigatória coleta do cocô do animal. Para descartar o saquinho, é necessário basicamente voltar para casa), nas ruas, e a inexistência de um sistema universal de coleta seletiva (em todas as lixeiras de rua, lugares públicos e contentores para depositar os lixos domésticos) em pleno 2025 é surreal. O Círio está chegando e, nessa altura, com todas as festividades nas ruas, o acúmulo de resíduos é aterrorizante. A cidade sede da COP30 merece, no mínimo, ter uma coleta seletiva que contemple a todos, e não apenas para quem tem a possibilidade de acumular em sua própria casa e depois dispor do tempo raríssimo na vida da maioria de se deslocar para ir levar o lixo num dos pouquíssimos ponto de coleta.

Foto: Divulgação/ Afonso Rodrigues

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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