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A transição energética necessária para enfrentar a crise climática será debatida sob a perspectiva amazônica no próximo domingo, 14 de julho, na quarta edição do Ciclo de Diálogos “COP30 comCiência”, iniciativa do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), dentro da programação oficial da I Semana do Clima da Amazônia. O evento acontece de 13h às 16h no Auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do MPEG, em Belém, com entrada gratuita e transmissão ao vivo pelo canal do Museu no YouTube.

Com o tema “O contexto amazônico na transição energética e enfrentamento da crise climática”, o encontro reunirá pesquisadores, representantes da sociedade civil, empresas e gestores públicos para discutir os desafios e riscos associados à expansão de grandes obras de infraestrutura energética na região amazônica, assim como os caminhos possíveis para uma transição justa que respeite a biodiversidade e os direitos dos povos tradicionais.

Coordenado pelo zoologista Alberto Akama, pesquisador titular do MPEG e responsável pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental (PPBio), o debate parte do reconhecimento de que a Amazônia ocupa posição estratégica na luta contra a mudança do clima, por sua rica biodiversidade, papel no equilíbrio atmosférico global e potencial para fontes de energia renovável. No entanto, a região também sofre os impactos diretos da implantação de hidrelétricas, linhas de transmissão e polos industriais, que frequentemente geram transformações ambientais irreversíveis e atingem comunidades ribeirinhas, indígenas e extrativistas.

A proposta é fazer uma análise crítica dos modelos energéticos já aplicados na Amazônia, seus efeitos socioambientais e os riscos ampliados pelas mudanças climáticas. Serão discutidas alternativas que conciliem preservação ambiental, justiça social e soberania energética.

A mesa-redonda contará com a participação de especialistas com visões complementares sobre o tema:

  • Ronaldo Barros Macena, presidente da Associação da Comunidade Ribeirinha Extrativista da Vila Tauri (ACREVITA), que relatará a experiência de sua comunidade, expropriada pela Eletronorte na década de 1980;
  • Philip Martin Fearnside, pesquisador do INPA e um dos principais nomes internacionais no estudo dos impactos ambientais de hidrelétricas na Amazônia;
  • Patrícia C. G. Nunes, engenheira de produção elétrica e assessora da presidência da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável por estudos e planejamento energético no Brasil;
  • Ivan Luiz Guedes de Aragão, executivo de Meio Ambiente do Grupo Equatorial Energia, com atuação na área de sustentabilidade e gestão de recursos naturais;
  • Representante da Hydro.

A mediação será feita pelo jornalista Fábio Bispo, repórter investigativo da InfoAmazonia, com atuação nas áreas de meio ambiente, transparência pública e jornalismo de dados.

O encontro busca ampliar o debate sobre quem paga o preço da transição energética, considerando que, apesar de visarem a redução das emissões de carbono, grandes obras na Amazônia frequentemente geram conflitos fundiários, perda de territórios tradicionais, impactos sobre rios e florestas, e ausência de reparações adequadas às populações atingidas.

S abordagem adotada no ciclo valoriza o diálogo entre saberes científicos e populares, robustecendo o papel da ciência na construção de alternativas de baixo impacto que respeitem os modos de vida amazônicos e priorizem o protagonismo das comunidades locais no enfrentamento da crise do clima.

O evento integra a agenda preparatória da COP30 e é promovido com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Governo do Pará e da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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