Quadrinista indígena parauara é destaque em encontro literário

No próximo dia 28 de março, o 5º Encontro Virtual da ONG Vaga Lume, com o tema “Floresta de Palavras: Reflexões literárias e os desafios socioambientais”., reunirá centenas de voluntários atuantes em bibliotecas comunitárias espalhadas pela Amazônia Legal e contará com a presença da artivista visual Tai, originária dos territórios parauaras de Matapiquara e Alenquer.

Tai integra o painel “Literatura & Amazônia: como cultura e ciência dialogam e refletem sobre desafios ambientais?”, ao lado de nomes como Cristino Wapichana, escritor indígena premiado de Boa Vista (RR); Rachel Trajber, Doutora em Antropologia e Linguística, e Roberta Tavares, escritora quilombola da região do rio Bujaru, poeta e historiadora afroamazônida. O painel será transmitido ao vivo pelo canal da Vaga Lume no YouTube, às 10h45, e será aberto ao público em geral.

A obra de Tai tem ganhado reconhecimento por, a partir de experiências pessoais e coletivas, construir narrativas visuais que tocam tanto a infância quanto os adultos, sempre com um olhar atento para as ameaças que pairam sobre a Amazônia e seus povos originários.

O encontro promovido pela ONG Vaga Lume busca justamente promover esse tipo de intersecção entre a literatura, os saberes tradicionais e a urgência ambiental. Fundada há mais de 20 anos, a organização implementa bibliotecas comunitárias em regiões rurais, ribeirinhas, indígenas e quilombolas da Amazônia Legal brasileira. Atualmente, sua rede conta com centenas de voluntários, que são considerados a força vital do projeto.

“Os nossos voluntários são a nossa maior força colaborativa. São eles que fazem as bibliotecas acontecerem em cada território da Amazônia”, afirma Nathália Flores, gerente de Educação da ONG. Segundo ela, o encontro marca o início do ano de trabalho coletivo e serve como inspiração e atualização para as ações locais.

Neste ano, o tema do encontro foi pensado com atenção especial à agenda global, com a realização da Conferência das Partes sobre o Clima (COP30) em Belém. “O nosso interesse principal é a literatura, mas sabemos que a Amazônia é o epicentro da discussão climática atual. Queremos que esse evento seja um espaço para dialogar também com a COP, trazendo o olhar das comunidades locais”, explica Nathália.

Durante o encontro, além das palestras e painéis, os voluntários receberão ferramentas práticas para aplicação nas bibliotecas, como o Plano de Ação Ambiental, que propõe atividades educativas com foco em sustentabilidade, cuidado com o território e fortalecimento da identidade cultural local.

A proposta da Vaga Lume é que os debates e inspirações gerados no encontro extrapolem o ambiente virtual e se transformem em ações concretas nas comunidades. “Queremos que essas reflexões cheguem às nossas crianças, adolescentes e famílias. Que todos possam se perguntar: ‘O que podemos fazer para contribuir com o planeta e com nossa própria comunidade?’”, pontua Nathália.