Você se acha capaz de identificar um psicopata? A imagem de um assassino se baseia em um conceito ultrapassado de psicopatia. De fato, a maioria não é violento, até porque compreendem muito bem as possíveis consequências. Eles são realmente mais sucetíveis à criminalidade, porém, o comportamento violento não é requisíto para o diagnóstico. Estudos mostram que traços principais da psicopatia como comportamentos impulsivos, arriscados e inconsequentes estão mais presentes nos indivíduos não violentos. O que fazem é tirar dos outros tudo que podem em benefício próprio. Não me refiro apenas às vantagens financeiras, e sim a qualquer tipo de vantagem que ele precise.
Podemos encontrá-los em qualquer profissão e camada social. Eles vivem entre nós e, em geral, são charmosos, carismáticos, galanteadores, muito solícitos e educados. Do tipo que encanta fácil. Mas quem teve a má sorte de encontrar com um deles dificilmente escapa ileso.
A maioria dos estudos aponta como causa da psicopatia problemas de funções cerebrais, lesões no cérebro ou genética, além de fatores ambientais. Existem estudos de que é possível tratar os psicopatas e parecem apontar para um cenário com possibilidade de diminuição de danos sociais e pessoais. Entretanto, convém fugir da teia que eles tecem.
A “maestria” dos psicopatas gira em torno de produzir uma imagem da mais absoluta integridade para que possam desacreditar qualquer comentário do outro a seu respeito e ainda saírem como vítimas. Dizem exatamente o que seu ouvinte precisa escutar para conseguirem o que querem e não sentem culpa ou remorso. São exímios mentirosos e somente após um tempo de convivência é possível perceber que muitas coisas não encaixam. Diferentes de uma pessoa “normal” que fica vermelha e não sabe onde enfiar o rosto quando são pegos na mentira, eles vão olhar calma e placidamente nos olhos do interlocutor e continuar afirmando a esdrúxula versão até deixar o outro confuso, em dúvida sobre o que viu ou ouviu, mesmo este sabendo que nada faz sentido. Acontece que invariavelmente o outro já está demais envolvido a ponto de não conseguir desvencilhar-se com facilidade.
As redes sociais são um grande playground para os psicopatas. Sem precisar fazer esforço eles estão diantes de um enorme número de possíveis presas. Então, com calma, analisam os perfis e começam as investidas até obterem êxito. É comum após poucos dias de relacionamento eles jurarem amor eterno. O detalhe é que os psicopatas não sentem empatia, mas, como sabem muito bem o que dizer para que o outro se sinta amado, utilizam com frequência músicas, trechos delas, ou mesmo poemas que tomam emprestados para expressarem seu “imenso” amor. Mas a verdade é que não se apaixonam nunca.
Também estão sempre entediados, precisando com frequência de algo que lhes traga estimulação. Por isso, é possível que logo no início da relação eles mencionem sutilmente experiências de ménage à trois, algum outro tipo de pornografia ou sugiram uso de drogas ilícitas, para saberem se o outro está disposto a satisfazer suas necessidades. Outro sinal que deve servir como alerta é o comportamento contumaz de contar algo detalhadamente e, logo em seguida, caso perceba que cometeu um erro, negar de forma veemente que haja feito sequer qualquer menção. A negação dos fatos é sua principal feramenta de convencimento quando pressionados.
Outra tática bastante usada por eles, em particular os que têm conhecimento sobre funcionamento cerebral, é utilizar o recurso de olhar fixamente nos olhos. A liberação de oxitocina, também chamada “hormônio do amor”, estimula o desejo sexual e é um forte aliado na conquista. Então, sabe aquela história de que o mentiroso não olha nos olhos? Pois é, não funciona quando se trata de perversos. Também que ninguém se espante ao vê-los “chorar” copiosamente, isso é sempre possível, desde que haja plateia. Assim como podem demonstrar bondade, mas com bastante publicidade. Tudo isso para que possam montar o perfil ideal.
Pessoas, de modo geral, escolhem amigos a partir de características que têm em comum, já os psicopatas o escolhem baseados na utilidade daqueles. Por isso seu comportamento com relação às pessoas com quem convivem também vai variar conforme o grau de necessidade. E, como todos os seus relacionamentos estão ligados à exploração ou servidão, porque se colocam na posição de serem referenciados, quando alguém lhes pede um favor é comum se sentirem usados, atribuindo ao outro características suas.
Na aproximação com alguém, para criarem a sensação de afinidade, levam o outro a acreditar que estão dividindo seus segredos mais íntimos, obviamente tudo inventado, com o intuito de ganhar a confiança e, com a troca de confidências, ter o outro nas mãos. Para eles pouco importa os sonhos e objetivos alheios, acham que o mundo lhes deve algo e, por isso, assim que o outro deixe de ter utilidade é descartado sem a menor cerimônia.
O relacionamento amoroso ou mesmo a amizade com um psicopata causa profundo impacto, porque ele surge como alguém que tem todas as características ideais. É o companheiro tão esperado e desejado ou aquele amigo que parecia um presente divino. O peso da confiança traída, da simulação de amor e da ausência total de lealdade e verdade, quando se descobre que tudo foi construído baseado em mentiras, é o que mais causa sofrimento nas vítimas. Então, se você já teve a má sorte de encontrar um pelo caminho, não se sinta uma pessoa tola, afinal, mesmo para os mais experientes não é tarefa fácil identificá-los. Portanto, acolha-se! A parte estragada não é você.
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