Publicado em: 1 de setembro de 2025
Os pesquisadores Klebson Demelas Maurício, Jessica Lynch Ward e Osvaldo Pimentel Marques Neto, do Centro Nacional de Primatas, vinculado ao Instituto Evandro Chagas; da Universidade da Califórnia e outros especialistas convidados visitaram hoje (1º) o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará a fim de discutir o andamento do projeto “Distribuição Geográfica de Cebus kaapori na Mesorregião do Marajó”. A espécie, uma das 25 mais ameaçadas do planeta, integra o Plano Nacional para a Conservação de Primatas Amazônicos. Foram recebidos pelo gerente da Região Administrativa do Marajó do Ideflor-Bio, Hugo Dias; e o biólogo do Instituto, Matheus Henrique Cosme.
O projeto pretende confirmar a presença do Cebus kaapori, conhecido como macaco cairara-kaapori, no arquipélago do Marajó e ainda precisa de autorização para pesquisas nas unidades de conservação sob responsabilidade do Ideflor-Bio.
As atividades previstas incluem expedições de campo em áreas estratégicas no Marajó, entrevistas em comunidades locais, coleta de material biológico para análises genéticas e sanitárias, e o georreferenciamento de indivíduos. O estudo também investigará potenciais agentes infecciosos que possam impactar a saúde dos animais, contribuindo para o monitoramento de doenças emergentes.
A presença do cairara-kaapori no Marajó representaria avanço expressivo para a conservação da biodiversidade local, reforçando a importância das áreas protegidas, como a Área de Proteção Ambiental (APA) do arquipélago do Marajó e o Parque Estadual do Charapucu.
Os próximos passos envolvem a liberação oficial da pesquisa, a formalização de acordos de cooperação técnica e estratégias integradas para fortalecer a conservação da fauna amazônica. A expectativa é de que os primeiros resultados das expedições sejam apresentados já em 2026, colocando o Marajó no centro das discussões sobre a preservação de primatas ameaçados no Brasil, país com maior diversidade dos primatas do mundo: 16% das espécies conhecidas estão em solo brasileiro e a Amazônia é o principal polo de pesquisa do grupo. Nas últimas três décadas, pelo menos uma espécie nova de primata é descoberta no bioma por ano. Mas elas enfrentam pressões: caça de subsistência, perda de habitat e doenças causadas pelo contato com os humanos são alguns dos desafios que tornam os primatas amazônicos cada vez mais ameaçados.

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