Publicado em: 26 de maio de 2025
A 9ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B foi marcada por sentimentos bem distintos para os torcedores dos dois principais clubes do Pará. Se de um lado o Remo segue surpreendendo de forma positiva, do outro o Paysandu vive uma crise técnica e administrativa que parece não ter fim. O domingo (25) foi especialmente amargo para o bicolor paraense, que acumulou novo vexame na competição.
Jogando fora de casa, o Paysandu perdeu para o Novorizontino por mais um placar que reflete não apenas a fragilidade do elenco (3 a 1), mas também os inúmeros erros defensivos que têm se repetido rodada após rodada. O time, que ainda não venceu na Série B, soma apenas quatro pontos em nove partidas, com quatro empates e cinco derrotas. Com isso, amarga a “lanterna” da competição – ou a pior campanha entre os 20 clubes participantes.
A sequência de resultados negativos pressiona diretamente o trabalho do técnico Luisinho Lopes, que pode não resistir no cargo. O próximo compromisso, contra o Criciúma no dia 2 de junho, em Belém, ganha contornos de decisão.
O atual cenário do Paysandu é, na verdade, um retrato claro de problemas que começaram muito antes de a bola rolar na Série B. A montagem de um elenco “enxuto” e os incontáveis erros no planejamento e na condução do departamento de futebol resultaram em uma equipe tecnicamente limitada, mal treinada, fisicamente frágil e psicologicamente abatida. A falta de peças de reposição e de jogadores mais experientes e qualificados tem pesado jogo após jogo.
Se o clima é de tensão na Curuzu, o torcedor azulino, embora mantenha o otimismo, também tem motivos para ligar, mesmo que discretamente, o sinal de alerta. No sábado (24), o Remo recebeu o Volta Redonda-RJ, no Mangueirão e, pela primeira vez na competição, não conseguiu vencer diante de sua torcida. O empate tirou a oportunidade do Remo em brigar diretamente pela liderança, mas o clube segue firme no G-4, agora com 17 pontos.
Apesar da campanha invicta, a atuação diante do time carioca acendeu algumas preocupações. Durante boa parte do jogo, o Volta Redonda foi superior, criando mais chances e colocando o goleiro Marcelo Rangel – de novo – como o grande protagonista da partida. Com defesas decisivas, Rangel garantiu que o Remo, em dia pouco inspirado, saísse com um ponto e mantivesse sua invencibilidade na longa competição.
O desempenho abaixo do esperado revelou dificuldades da equipe comandada por Daniel Paulista quando precisa propor o jogo contra adversários que se apresentam, pontualmente, bem organizados defensivamente. Alguns dos principais jogadores do Remo renderam menos do que vinham apresentando, o que comprometeu a fluidez ofensiva e deixou a equipe vulnerável em vários momentos.
Ainda assim, o saldo geral do Leão Azul na Série B até aqui é muito positivo. A campanha sólida dentro e fora de casa permite que o clube sonhe alto, com acesso e, quem sabe, até com o título. Todavia, o jogo contra o Volta Redonda deixa a lição de que será preciso corrigir alguns aspectos táticos, especialmente em confrontos onde o Remo precisa assumir o protagonismo. O próximo duelo, contra o CRB (rival direto na parte de cima da tabela) em Maceió-AL, será mais um teste de fogo para medir até onde esse Remo pode chegar.
Seguem as perguntas sobre os dois protagonistas do futebol paraense: o Paysandu inicia sua reação no próximo jogo, antes que sua situação beire o irreversível? E o Remo retomará conseguirá sua primeira vitória fora de casa, com um desempenho reativo mais adequado ao seu atual desenho tático?
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