Publicado em: 25 de setembro de 2025
A capital parauara ganha, no próximo dia 9 de outubro, a primeira unidade da CAIXA Cultural na Região Norte, que abre suas portas com a exposição “Paisagens em Suspensão”. Reunindo cerca de 50 obras de grandes nomes das artes plásticas brasileiras, a mostra convida o público a refletir sobre diferentes formas de representar e tensionar a ideia de paisagem em um momento marcado por transformações ambientais, sociais e civilizatórias. A entrada é gratuita.
Com curadoria de Daniela Matera Lins e Daniel Barretto, a exposição exibe pinturas, esculturas, gravuras, fotografias e instalações. O propósito é transformar a arte em espaço sensível de escuta e denúncia, capaz de imaginar modos mais generosos e conscientes de habitar o mundo. Nesse sentido, os trabalhos dialogam entre si em torno de temas como devastação de territórios, expropriação de corpos, memória coletiva, colapso climático e força dos futuros ancestrais.
Entre os artistas presentes estão Emmanuel Nassar, Frans Krajcberg, Maria Martins, Farnese de Andrade, Xadalu Tupã Jekupé, Djanira, Adriana Varejão, Ricardo Ribenboim, Siron Franco, Heitor dos Prazeres, Daniel Senise, Portinari, Anna Bella Geiger e Eliseu Visconti, com obras vindas de acervos do Museu Nacional de Belas Artes e dos Museus Castro Maya, vinculados ao IBRAM.

A mostra está organizada em cinco núcleos temáticos que ampliam o conceito de “paisagem” para além da representação da natureza, compreendendo-a como construção histórica, política e simbólica.
O Corpo da Arte: enfatiza a materialidade, o gesto e a presença da arte como organismo vivo. Reúne obras como“Composição abstrata” (1967), de Frans Krajcberg, “Sem título” (2018), de Marcia Thompson, e “O avô” (1987-1995), de Farnese de Andrade.

Paisagem, utopia, distopia: contrapõe visões bucólicas de natureza idealizada à distopia da exploração ambiental e social. Entre os trabalhos estão “Vista de um mato virgem que se está reduzindo a carvão” (circa 1843), de Félix Émile Taunay, e “A Derrubada” (circa 1897), de Pedro Weingartner.

Faz de Todos Nós “Índios”?: relaciona processos coloniais com a destruição atual de ecossistemas e culturas originárias, reunindo obras como “Mineiros de carvão, Santa Catarina” (1974), de Djanira, e “Café” (1935), de Candido Portinari.

Imaginar o Porvir: propõe pensar o futuro como retomada de memórias silenciadas e saberes ancestrais. Destaque para “Ivy Tenondé” (2022), de Xadalu Tupã Jekupé, e “Rupestre” (1998), de Siron Franco.

Aprender a Viver com os Vivos: reafirma o direito à vida em sua diversidade, celebrando afetos, vínculos e resistências. Inclui obras como “Carnaval de Subúrbio” (1962), de Di Cavalcanti, e “Praça XV de Novembro”(1966), de Heitor dos Prazeres.

“Paisagens em Suspensão” sugere um tempo de espera e transformação, em que resistências e ameaças coexistem. O recorte artístico se apresenta como exercício crítico para repensar as relações entre humanidade, natureza e memória em meio às urgências do presente.
Serviço:
Paisagens em Suspensão
Abertura: 9 de outubro, às 11h
Visitação: até 18 de janeiro de 2026
Local: CAIXA Cultural Belém – Av. Mal. Hermes, s/n, Armazém 6, Porto Futuro II, Umarizal, Belém/PA
Horário: terça a domingo, das 11h às 22h
Entrada gratuita
Arte em destaque: Emmanuel Nassar – Instabile – 1993 – MNBA_RJ
Fotos: Vicente de Mello
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