0
O blog cantou a pedra sobre os alvos da Operação O Quinto do Ouro, deslanchada hoje pela Polícia Federal, há nada menos que 17 dias. No post “Lista, delação e livro abalam a República”, de 13 de março, informei que o ex-presidente do Tribunal de Contas do Rio, Jonas Lopes de Carvalho, já tinha negociado delação premiada e obtido prisão domiciliar, por entregar cabeças coroadas do Legislativo e do Judiciário. Até detalhei que os alvos seriam conselheiros do TCE-RJ, desembargadores do TJE-RJ, deputados estaduais da Alerj e ministros do STJ. Também o ex-governador Sérgio Cabral,  já condenado em várias ações e em depressão profunda, aparentemente também resolveu abrir o bico, o que sinaliza que ainda haverá desdobramentos da operação. Cliquem no link e confiram. E não, ninguém da PF vazou para mim a informação. Trata-se de simples dedução de uma observadora voraz do cenário político.


Hoje, a própria PF confirmou que o ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, autorizou a operação baseado na colaboração premiada entre dois investigados e a Procuradoria Geral da República, além de outros elementos. Jonas Lopes foi preso em dezembro do ano passado, na Operação Descontrole, acuado dpedir dinheiro à Odebrecht para que o TCE-RJ aprovasse o edital de concessão do Maracanã e um relatório sobre as obras da linha 4 do metrô do Rio. 

Foram presos Aloysio Neves, conselheiro e atual presidente do TCE-RJ; Domingos Brazão, conselheiro; José Maurício Nolasco, conselheiro; José Gomes Graciosa, conselheiro; Marco Antônio Alencar, conselheiro e filho do ex-governador e prefeito do Rio, Marcello Alencar; e Aluísio Gama de Souza, ex-conselheiro do TCE-RJ. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, foi conduzido coercitivamente pela Polícia Federal para prestar depoimento. Agentes da PF buscaram o deputado em sua casa, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Piccianni ficou pouco mais de 3 horas na Superintendência da Polícia Federal no Rio, na Zona Portuária. Entrou por volta do meio dia e saiu às 15h21, sem falar com a imprensa. O gabinete da Presidência da Alerj foi alvo de busca e apreensão

A Operação O Quinto do Ouro tem por objeto a apuração de envolvimento de membros do Tribunal de Contas do RJ no recebimento de pagamentos indevidos oriundos de contratos firmados com o Estado do Rio de Janeiro em contrapartida ao favorecimento na análise de contas/contratos sob fiscalização no TCE-RJ. Além disso, agentes públicos teriam recebido valores indevidos em razão de viabilizar a utilização do fundo especial do TCE-RJ para pagar contratos do ramo alimentício atrasados junto ao Poder Executivo do Estado do Rio, recebendo para tal uma porcentagem por contrato faturado. 

No total foram mais de 43 mandados, a maioria deles na cidade do Rio, mas também em Duque de Caxias e São João do Meriti. 
O nome da operação é uma referência à figura histórica do “Quinto da Coroa”, imposto correspondente a 20% que a Coroa Portuguesa cobrava dos mineradores de ouro na época do Brasil Colônia. Uma das mais conhecidas formas de recolhimento era mediante a obtenção de certificados de recolhimento pelas casas de fundição. Apesar do rigor na criação de urna estrutura administrativa e fiscal, visando sobretudo à cobrança dos quintos, o imposto era desviado. Afonso Sardinha – O Moço ou O Mameluco, bandeirante do tempo do Império -, em documento datado de 1604, declarou que guardava o ouro em pó em vasos de barro. Outro uso comum era o de imagens sacras ocas para esconder o ouro, daí a expressão “santo do pau oco”, da qual todo mundo já ouviu falar.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

O rio Tapajós

Anterior

Em Quatipuru 618 estudantes sem aula

Próximo

Vocë pode gostar

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *