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Quando se pensa que não há mais novidade no oceano de corrupção existente no Brasil, eis que a Operação Carne Fraca – a maior em toda a história da Polícia Federal – desarticula organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Nada menos que 1100 agentes e delegados da PF cumpriram hoje 309 mandados expedidos pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba/PR, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão, em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas ligadas ao grupo, em 7 estados: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás. 

Em quase dois anos de investigação, foi comprovado que as Superintendências Regionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam diretamente para lucros astronômicos de grupos empresariais, em detrimento do interesse público e, principalmente, da saúde da população. Os frigoríficos investigados vendiam carne vencida no Brasil e no Exterior. Produtos químicos eram usados para ‘maquiar’ carnes estragadas. Para se ter uma ideia da gravidade do crime, injetavam água para aumentar o peso dos produtos, inseriam papelão em lotes de frango e carne de cabeça de porco em linguiça, usavam ácidos e outros produtos químicos e até produtos cancerígenos para esconder as características físicas e o mau cheiro das carnes. 
Estão envolvidas grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que controla Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas. Também estão no meio frigoríficos menores, como Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda., Dagranja Agroindustrial Ltda./Dagranja S/A Agroindustrial E.H., Constantino Frango a Gosto, Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda., Frigomax- Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda., Frigorífico 3D Frigorífico Argus Ltda., Frigorífico Larissa Ltda., Frigorífico Oregon S.A., Frigorífico Rainha da Paz, Frigorífico Souza Ramos Ltda., Mastercarnes, Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda., Peccin Agroindustrial Ltda., Italli Alimentos Primor Beef, JJZ Alimentos S.A., Seara Alimentos Ltda., Unifrangos Agroindustrial S.A., Companhia Internacional de Logística Breyer e Cia Ltda., e Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda. EPP

O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, disse que o Ministério da Agricultura foi tomado de assalto por um grupo de indivíduos que traem reiteradamente a obrigação de efetivamente servir à coletividade. 

O esquema no Paraná era comandado pelo ex-superintendente regional do Ministério, Daniel Gonçalves Filho, e pela chefe do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Maria do Rocio Nascimento. Na casa do superintendente regional do Ministério da Agricultura, Gil Bueno, a polícia apreendeu R$ 65 mil. Os três são alvos de prisão preventiva. 

Tudo começou a ser desvendado a partir da denúncia de um fiscal que não aceitou ser transferido de cidade e se queixou ao sindicato por assédio moral de Maria do Rocio. A remoção do funcionário era para atender aos interesses das empresas.
Em Goiás, o esquema operava liderado pelo chefe do Dipoa, Dinis Lourenço da Silva. 

De acordo com a PF, parte da propina ia para o PMDB e o PP. O PMDB informou que desconhece o teor da investigação, e o PP ainda não se manifestou. 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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