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Trechos de entrevista concedida por Eliana Calmon, ex-corregedora nacional de Justiça e ministra aposentada do STJ aos jornalistas Evilásio Júnior, José Marques e Fernanda Aragão, do “Bahia Notícias”. Ela vai concorrer a um cargo no Senado pelo PSB na Bahia (também recebeu convites do PTN, PDT, PMDB e DEM).

“Para quem não é profissional do ramo é muito difícil enfrentar o eleitorado, mas eu acho que nós precisamos começar. Senão, não muda.
Pela legislação, eu nem posso dizer que vou ser candidata a senadora, mas como é que se faz política se a gente não diz o que quer ser? 
(…)
A relação entre o poder econômico e o poder político existe a partir da elaboração das leis. É preciso fazer regras transparentes para acabar com os grotões que são seccionados de duas formas: as pessoas ignorantes não sabem em quem votar, então você faz a troca de voto [por favores], e as pessoas não tão ignorantes, que é a classe média, você engana com regras que são verdadeiros embustes.
(…)
A corrupção está dominando tudo. É possível perceber, em Brasília, a degradação ética de forma muito palpável.
Posso dizer que, na Justiça, as coisas também pioraram porque ela é o reflexo da sociedade. Ela não está fora da sociedade.
Antigamente, no STJ, chapa branca (candidatos escolhidos por políticos) não entrava na lista. Hoje, há uma interferência direta de políticos na escolha e isso me preocupa muito. Por isso eu estou saindo sem muita saudade.
Se me perguntassem se eu queria ser presidente do STJ, eu diria que não, porque o presidente do STJ é um administrador de prédio. Um prefeito da Bahia administra uma cidade. Eu acho que os processos de mudança estão no Legislativo.
Depois da interferência do CNJ [no Tribunal de Justiça da Bahia], os corruptos estão assustados e aqueles inocentes estão querendo trabalhar para mostrar que a Bahia tem um tribunal que se respeite.
Quanto ao atual presidente, Eserval Rocha, ele é um homem muito correto. Todos diziam que ele era louco, assim como disseram que eu era louca. Na verdade, é, realmente, quase uma loucura você querer marchar contra o vento. E ele sempre fez isso. Ele não tinha chance de ser presidente se não fosse este afastamento [do presidente Mário Simões Hirs]. A mulher mais forte do tribunal se chama Telma Britto [ex-presidente do TJ-BA, também afastada pelo CNJ] e ela não queria ele.
Aquilo que eu verifiquei como corregedora eu passei para o corregedor. Não usarei isto como arma eleitoral. Acho que seria uma indignidade da minha parte me aproveitar de um cargo no Judiciário para usar como argumento de campanha.
O maior problema do Judiciário baiano não é a corrupção, é a inação. É não querer fazer, não aceitar a mudança em troca de pequenos favores, benesses. Tribunal corrupto era o do Paraná, o do Maranhão.
Aqui na Bahia todos os órgãos estão cooptados: O Ministério Público, Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas.”
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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