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A situação em todos os municípios do arquipélago marajoara é alarmante. O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional já reconheceu emergência em seis dos dezessete municípios que compõem a Região de Integração do Marajó, em razão das queimadas e da estiagem, e em outros dois ainda por causa das chuvas do inverno passado. Muaná, Portel, Bagre, Santa Cruz do Arari, Ponta de Pedras e Anajás, por seca e queimadas. Oeiras do Pará e Salvaterra se mantêm no “mapa” de emergência desde meados de maio por causa das chuvas. Em Breves, há mais de duas semanas o fumaceiro invade a cidade. Animais estão morrendo e centenas de pessoas estão acometidas de doenças respiratórias, inflamações nos olhos e na pele. Alimentos, bebidas e medicamentos estão expostos à fuligem de queima e cinzas. Crianças menores de 5 anos, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades são grupos de risco, assim como pessoas com doenças crônicas como diabetes, problemas cardíacos, asma, bronquite, enfisema pulmonar, rinite alérgica ou com problemas imunológicos, mas o atendimento médico é precário. A qualidade do ar é uma das piores do mundo, conforme dados dos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informados pelo programa BD Queimadas.

Uma reunião com os órgãos de segurança de Breves, ontem, 11, alinhou ações para combater os incêndios. A Patrulha do Meio Ambiente foi criada pela Prefeitura, em parceria com a Polícia Militar, Polícia Civil, Bombeiro Militar, Guarda Municipal e Defesa Civil, há suspeita de que os focos são criminosos e também está funcionando um disk denúncia, (91) 98504-4918 e 190. A situação é complexa e envolve fogo nos lixões e também para abrir lotes. Nas áreas de mata, tartarugas, jabutis, quatis e preguiças foram encontrados mortos. As ruas das cidades marajoaras estão tomadas pela fumaça.

As prefeituras estão aptas a solicitar recursos do governo federal para ações de defesa civil, como compra de cestas básicas, água mineral, refeições para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre outros, mas até agora nenhuma providência nesse sentido foi anunciada. A calamidade na saúde pública se agrava pela ausência de informações à comunidade e de medidas efetivas por parte do poder público. É preciso uma força-tarefa ambiental, de saúde e de segurança pública, fiscalização permanente, educação ambiental, formação de brigadas, plano de contingência.

A população está tentando se organizar, diante da inércia das prefeituras e da secretaria regional de Governo. O Grupo Breves Pede Socorro reuniu ontem na quadra da Escola Maria de Lourdes e entre outras iniciativas protocolou hoje na Câmara Municipal ofício solicitando a inserção da questão dos incêndios na pauta destas quinta-feira, inclusive que os vereadores informem quais as medidas tomadas para minimizar o sofrimento do povo. “Estamos lutando há anos pelo básico, pelo essencial: água potável, saneamento básico, tratamento ao lixo, transporte digno”, frisam os manifestantes, que estão heroicamente combatendo as chamas dia e noite.

Corredor Polonês

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