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“No último dia 13 de agosto, durante audiência
pública promovida pelo Ministério Público Federal (MPF-PA) e Ministério Público
do Estado, em Cachoeira do Arari, Teodoro Lima havia denunciado a perseguição
de fazendeiros da região à comunidade quilombola e afirmou que ficou preso por
dois meses sem acusação formal, a mando de fazendeiros que se sentem
prejudicados pela demarcação das terras quilombolas. O líder quilombola declarou
ainda que crianças da comunidade estavam sendo presas por colher açaí em áreas
quilombolas.  Ele questionou também os prejuízos sofridos pelas famílias
quilombolas devido à expansão do plantio de arroz na região.
Nesta audiência o INCRA entregou à Comunidade de
Gurupá o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), passo
fundamental para o reconhecimento do Território Quilombola. No Marajó, há mais
de 40 comunidades, 17 das quais em Salvaterra e esta de Gurupá, em Cachoeira do
Arari, e somente duas têm o RTID. O fato é que as comunidades de Salvaterra e
Cachoeira do Arari se sentem ameaçadas pela expansão das monoculturas do arroz
e a expansão do agronegócio.
Representantes do Colegiado de Desenvolvimento
Territorial do Marajó (Codetem), da Diocese de Ponta de Pedras, da Igreja
Católica, e do Instituto Peabiru visitaram o quilombo no último dia 14 de
agosto para saber a situação em que vivem os mais de 700 moradores. A
comunidade está alarmada e pede ajuda do Ministério Público para que os direitos
da população não sejam cerceados e que haja proteção das pessoas que fazem
denúncias de discriminação e opressão.
Esse crime preocupa não somente a comunidade de
Gurupá, mas todos os que lutam em prol dos mais desfavorecidos e oprimidos, e
ofende profundamente os sentimentos de humanidade dos marajoaras e dos
paraenses. Sentimo-nos solidários com todos os quilombolas e, especialmente,
com os familiares de Teodoro.”
CODETEM (Colegiado de Desenvolvimento Territorial do
Marajó)
Diocese de Ponta de Pedras
Instituto
Peabiru
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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