0
 
Ontem, 123 anos após a abolição da escravatura, o Ministério Público Federal do Pará encaminhou à Justiça 23 denúncias desse crime em Marabá, região do País com o maior índice de casos, e que já acumula 282 ações ajuizadas pelo MPF em desde 1986 (confira tabela aqui).

A situação característica de submissão à escravidão é o trabalho exercido em péssimas condições de higiene, alimentação e moradia, sem segurança contra acidentes, com jornadas exaustivas e, em alguns casos, a chamada “servidão por dívida”: os empregados são obrigados a adquirir alimentos e equipamentos de trabalho com o próprio empregador, acumulam dívidas e, sem condições de quitá-las, ficam permanentemente endividados.

As denúncias ajuizadas pelos procuradores da República em Marabá, Tiago Modesto Rabelo e André Casagrande Raupp, são emblemáticas. Em Goianésia, na Fazenda Mimosa, do produtor rural Ruy Pithon Brito Júnior, os trabalhadores só tomavam conhecimento dos valores das mercadorias que lhe eram ‘fornecidas’ no momento do pagamento, por ocasião do acerto, o que tornava difícil o controle e disposição do próprio salário. Os cuidados com o gado eram maiores que os cuidados com os seres humanos. Ao contrário do barraco dos trabalhadores, o curral era iluminado e construído com madeira de qualidade bem acabada e coberto com de telhas uniformes de fibro-cimento.

Outra denúncia foi de flagrante na Fazenda Tonaco, em Eldorado dos Carajás: gado e trabalhadores tinham que compartilhar a mesma água para saciar a sede.

*Com informações do MPF/PA

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Saneamento básico

Anterior

Dá-lhe, Marinor!

Próximo

Você pode gostar

Comentários