0
 

Nesta sexta-feira, 18 de julho, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) sedia, em Belém, o lançamento oficial do Projeto de Conservação de Peixes-Boi no Estado do Pará, uma iniciativa conjunta do Instituto Bicho D’Água (IBD) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com recursos da empresa TGS e apoio institucional do Museu Goeldi. O projeto nasceu em razão do estado crítico de vulnerabilidade à extinção desses mamíferos aquáticos na região amazônica e busca garantir a sobrevivência de indivíduos resgatados, principalmente filhotes, por meio de estratégias integradas de reabilitação, aclimatação e reintegração à natureza.

A programação terá início às 9h, no Auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, com a participação de representantes de instituições parceiras da iniciativa, como o próprio Museu, a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (CEMAM), o Ibama, o IBD e a TGS. Às 11h, será apresentado o plano de ação para a conservação da espécie, com espaço para interação com o público presente. No turno da tarde, os participantes terão acesso aos detalhes técnicos do projeto e ao cronograma de execução, que prevê ações contínuas e articuladas nos próximos anos.

De acordo com a bióloga Renata Emin, presidente do Instituto Bicho D’Água e pesquisadora colaboradora do Museu Goeldi, o projeto responde a uma demanda urgente: “Mais de 50 peixes-bois estão em reabilitação no Estado do Pará e precisam, o quanto antes, retornar à natureza. Muitos são filhotes resgatados órfãos, cujas mães foram caçadas. Infelizmente, ainda que existam leis de proteção à fauna, essa prática ocorre no estado e na Amazônia como um todo. Muitos animais eram enviados para o ZooUnama, em Santarém, onde está a maior parte dos indivíduos em reabilitação no Pará. Faltavam iniciativas e outros locais para a reabilitação e recintos de aclimatação”.

Com esse desafio em vista, o IBD firmou parceria com a UFPA para a construção do Centro de Reabilitação de Fauna Aquática, localizado em Castanhal, voltado ao acolhimento de cetáceos e tartarugas marinhas, além de peixes-boi. Em 2024, o centro já recebeu filhotes encalhados na região do baixo Amazonas, que agora passam pelo processo de recuperação com vistas à soltura futura.

O plano inclui a criação de um recinto de aclimatação em Soure, na Ilha do Marajó, onde os animais serão preparados para a reintegração ao ambiente natural. Após a soltura, os indivíduos serão monitorados por cerca de dois anos, com o objetivo de avaliar a adaptação e garantir o êxito da operação.

O projeto é mais um fruto da longa parceria entre o MPEG e o IBD. Segundo Renata Emin, o museu foi palco da criação do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (GEMAM), que posteriormente deu origem ao IBD, em 2013. Há a intenção de formalizar essa colaboração por meio de um termo de cooperação técnica, embora a atuação integrada já seja uma prática consolidada.

A bióloga destaca ainda o papel fundamental da sensibilização comunitária no sucesso da reintegração dos animais à natureza. Em atividades como as Olimpíadas de Caxiuanã, promovidas na Estação Científica Ferreira Penna, unidade do Museu Goeldi na Floresta Nacional de Caxiuanã, as ações de educação ambiental são levadas diretamente às comunidades locais. Ali, os participantes visitam o peixe-boi Bacuri, mantido em reabilitação no local, como parte da estratégia de aproximação com moradores de regiões onde ainda há registros de caça ilegal.

“É muito importante que a comunidade esteja sensibilizada, engajada e se sinta parceira desse projeto”, afirma. É preciso aproximar as pessoas da causa, para que compreendam o valor ecológico e simbólico do peixe-boi na Amazônia.

Programação: 18/07/2025 (Sexta-feira)

MANHÃ

Local: Auditório Paulo Cavalcante, Campus de Pesquisa do Museu Goeldi. Av. Perimetral, 1901, Terra Firme, Belém-PA.
9h – Boas-vindas
9h10 – Exposições do MPEG, UFPA x IBD, Ibama/PA, Ibama/RJ, Semas, Cemam, TGS.
10h30 – Coffee break
11h – Apresentação do Plano de Ação, pelo Ibama, Instituto Bicho D’água e Cemam

TARDE

Local: Semas: Centro de Treinamento / Plenária Angelim
13h30 – Detalhamento do Projeto de Conservação de Peixes-boi do Estado do Pará e cronograma de execução
15h – Encerramento e coffee break

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

Transição sustentável e justiça climática em debate na I Semana do Clima da Amazônia

Anterior

Apocalipse nos Trópicos

Próximo

Você pode gostar

Mais de Notícias

Comentários