Alguns assuntos importantes da semana para compartilhar.
Sempre que a ciência, a pretexto de argumentar com autoridade, se posiciona opinativa e politicamente sobre temas que deveriam seguir as regras de método científico, morre uma fada no reino da Episteme.
Por sorte, o Amazon tem uma política de oferecer degustação das obras à venda no aplicativo do Kindle. Desta forma, temos a oportunidade de conhecer as diretrizes do material antes da aquisição.
Tenho a sorte de adquirir excelentes obras de autores desconhecidos por mim através desse processo de degustação da leitura. Foi assim que conheci os autores Carlo Rovelli e Yuval Noah Harari, só por exemplo, que, por falar em seus nomes, aproveito para dizer que estão com as obras em circulação.
Nexus é o mais recente trabalho de Harari, e Buracos Brancos, de Carlo Rovelli, é para quem gosta de física teórica e divulgação científica. Quem tem o aplicativo Kindle instalado pode degustar por lá.
Nessas aventuras de degustar obras por causa dos títulos, de vez em quando sofro algumas decepções que, penso eu, deveriam vir de outro meio, que não a ciência.
Esta semana degustei um título de autores americanos. Não declinarei nomes, em homenagem a um princípio da minha ética e alteridade: só declino nomes para falar positivamente. Nunca, absolutamente nunca, falo mal de quem não está em condições de defesa.
A obra parece respeitável, embora eu seja cética quanto ao salvacionismo acadêmico. Ocorre que, no momento de fazer uma análise política sobre o Brasil, do ponto de vista da nossa politica racial, os autores citaram uma fonte opinativa e destoante da realidade do Brasil.
Falar sobre racismo no Brasil é mesmo muito peculiar, pelo que temos uma categoria específica sobre o tema: racismo à brasileira (racismo cordial). Talvez por esta razão, os autores de outras culturas devam ler nossos autores clássicos e especialistas na temática. Uma pena!
Mudando o assunto…
Bem ao Norte, a democracia americana está em festa, pela conclusão de seu processo eleitoral com declaração de vitória para o candidato Donald Trump, que retorna à Casa Branca e se tornará o 47⁰ presidente dos Estados Unidos. O processo foi concluído pacificamente, consagrando as regras democráticas do sufrágio popular indireto e da alternância do poder, previstas na Constituição dos EUA.
Apaixonada pela democracia que sou, parabenizo o povo americano pelo sufrágio de Trump, desejando que as questões judiciais pendentes sejam solucionadas dentro dos lindes da soberania judicial e politica dos EUA, que ostentam um rigoroso sistema judiciário e um sistema politico de freios e contrapesos. Que seja um mandato pacífico, próspero, de boas relações com o Brasil, respeitoso à democracia e aos direitos humanos, com cuidado na questão das fronteiras dentro dos padrões civilizatórios.
O nosso presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, como chefe de Estado, em justa homenagem ao republicanismo como valor político, reconheceu a vitória de Trump e desejou que tenhamos boas relações diplomáticas e comerciais com os EUA. Sabemos que Lula e Trump pertencem a diferentes espectros políticos e ideológicos, embora tenham em comum o pacifismo. Isto é excelente, haja vista o horror das guerras. O Brasil já está preparado para o diálogo com os EUA.
Trump, mesmo no presidencialismo, onde ostenta as posições de chefe de Estado e de governo, em um cargo tradicionalmente considerado o mais importante das nações globais, não governará sozinho. Terá compromissos internacionais e intestinos, além do escrutínio popular. Deverá governar dentro das rédeas, para escapar às vergastas do real veio de onde emanam todo o seu mandato e poder politico: o povo americano.
Vi, em um scroll aleatório de memes no X, que Trump declararia guerra ao Brasil. Era uma piada, claro, mas não deixo frestas para l’esprit de l’escalier e digo que, nos EUA, quem resolve sobre guerra é o Congresso. Xeque-mate, e que Deus nos livre!
Ainda estamos no ambiente jocoso e podemos seguir o rastro do vulgo imaginário popular, sempre permeado pelo medo assombroso de nosso vizinho gigante e sua enorme artilharia de guerra.
Ainda no espírito do bom humor, Bruno Mars, Bruninho para os íntimos, esteve no Brasil em Tournée e demonstrou o quanto é importante estabelecer boas relações entre os EUA e o Brasil. Excelente diplomata, o Bruninho do Brasil Já tem cidadania afetiva brasileira e nome nacional: Bruninho Márcio, para todos os fins de direito.
Não sou contrária à sofisticação dos meios de defesa de um estado-nação, desde que sejam para preservar a paz e para autodefesa, eis que a natureza, ela mesma, é uma guerra. Defender-se é uma estratégia ancestral de todos os animais. Vejamos nas literais o que diz Steven Pinker sobre o assunto:
A natureza é uma guerra, e boa parte do que chama a nossa atenção no mundo natural é uma corrida armamentista. Animais que são presas se protegem com carapaças, espinhos, garras, chifres, veneno, camuflagem, fuga ou autodefesa; plantas têm espinhos, cascas, cortiça e substâncias irritantes e venenosas que saturam seus tecidos. Pela evolução, animais ganham armas para penetrar nessas defesas: carnívoros têm velocidade, garras, visão de águia, enquanto herbívoros possuem dentes moedores e um fígado que desintoxica venenos naturais (PINKER, 2017, p. 522).
Não posso concluir este texto sem declarar que, contrário à belicosidade e ao horror das guerras, milita o espírito da razão, para nos persuadir de que não há vitoriosos quando os humanos matam-se impiedosamente. É esse o espírito que deverá imperar à altura do século XXI: a cultura da paz substituindo a natureza humana feroz.
Que vença a razão.
Fonte:
O novo Iluminismo: Em defesa da razão, da ciência e do humanismo https://a.co/d/6aIHXdh
Nexus: Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à inteligência artificial https://a.co/d/ilkixdr
Buracos brancos: Dentro do horizonte https://a.co/d/9tcwnLT
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