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O 41º Salão Arte Pará, com o tema “UM NORTE [transcursos – caminhos]”, será inaugurado na próxima quinta-feira, dia 3 de outubro de 2024, e ficará em exposição até 30 de novembro de 2024 na Casa das Onze Janelas, em Belém. O evento deste ano, que destaca a diversidade cultural e artística da Amazônia, homenageia o renomado fotógrafo paraense Luiz Braga, antecipando as comemorações de seus 50 anos de carreira. Conhecido e reconhecido universalmente por seu olhar único sobre a Amazônia, ele tem sua obra enraizada na visualidade popular do Norte do Brasil e suas fotografias estão em importantes coleções nacionais e internacionais. A curadoria da exposição de 2024 é assinada por Nina Mattos, que realça o impacto do trabalho de Luiz no cenário artístico nacional.

Luiz Braga é um ícone para qualquer artista em qualquer disciplina. Sua obra é de uma genialidade merecedora ser exaltada e apreciada no mundo inteiro, porém o reconhecimento em casa, na Amazônia e no Pará, extrapola e função de merecidamente homenagear o fotógrafo e entra no âmbito da essencialidade de demonstrarmos às atuais e futuras gerações que o potencial artístico que a vivência em nosso território proporciona é infindável, e que assim como Luiz, Elza Lima, Guy Veloso, todos os artistas contemplados pelo Arte Pará deste ano e tantos outros – seria impossível o salão comportar a todos diante de tanta diversidade – há ainda incomensuráveis talentos a serem descobertos e, principalmente, despertados através do acesso de toda a população às artes.

“Eu tô muito feliz, sabe? Claro que pela homenagem, mas também pela chance de ter um salão com os talentos locais – que é um mérito da Nina Matos (curadora), de ter realizado um salão com somente com os talentos da nossa Terra. E são muitos. Muitos até ficaram de fora. Muitos têm relação com o salão, como eu mesmo. E o que eu gostei mais ainda, o que eu posso dizer que é o grande prêmio para mim, foi de ter grande parte do acervo, que eu doei para o Estado há mais de 10 anos e que estava engavetado. Este acervo está agora colocado numa sala e poder ser visto pelo público, que eu acho que é o que todo artista quer: ser visto. A coletânea é composta por cinquenta e duas fotografias, se eu não me engano. Algumas foram adquiridas pelo Prêmio Marco Antônio Vilaça e outras eu doei ao Estado – grande maioria eu doei mesmo, emolduradas e tudo. Essa sala que a Nina montou é muito especial, ela faz de certa forma o percurso do meu olhar, desde o preto e branco até chegando na cor, sabe? Então eu estou muito feliz por isso, por ter o meu trabalho na minha terra, para o meu público”, conta Luiz Braga em conversa com o Uruá-Tapera.

A mostra também contará com a participação de paraenses cujas obras exploram diversas linguagens artísticas, todas focadas nas questões da Amazônia. Os artistas convidados são Bárbara Savannah, Dias Júnior, Dumas Seixas, Eder Oliveira, Elza Lima, EvNa, GC, Guy Veloso, Igor Oliveira, Keyla Sobral, Lúcia Gomes, Marcone Moreira, Margalho, Maria José Batista, Melissa Barbery, Nay Jinknss, Nio Dias, Paulo Santos, Rafael Matheus Moreira e Roberta Carvalho., que trarão abordagens contemporâneas sobre o território amazônico e suas complexidades culturais, políticas e sociais.

Além das exposições, o evento inclui a competição pelo “Prêmio Residência Artística Sertão Negro”, que oferece uma residência artística no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, em Goiânia. O prêmio é uma oportunidade de imersão artística, proporcionando aos artistas um espaço de criação e troca cultural.

Nina Matos destaca a importância de se discutir a produção artística local em um contexto global, abordando temas como afetos, violências, apagamentos, e desafios enfrentados pelos amazônidas. A curadora também reforça o papel do Arte Pará como um espaço de reflexão sobre a identidade amazônica e suas interações com o mundo contemporâneo.

O Salão Arte Pará, que é apresentado pelo Instituto Cultural Vale e realizado pela Fundação Romulo Maiorana, é um dos mais importantes eventos de arte no Brasil, promovendo a valorização da cultura amazônica e a diversidade de sua produção artística. A exposição tem entrada gratuita e obedece aos horários do sistema de museus da Secult: terça a quinta-feira, das 9h às 14h, e de sexta a domingo, das 9h às 17h.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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