0
 

O protagonismo feminino da Amazônia parauara marcou o vernissage da exposição “Joias do Pará” ontem, 4, na Casa Sesi Indústria Criativa, uma das mais belas edificações da Belle Époque em Belém, recentemente restaurada pela Federação das Indústrias do Pará. Artesãs da área metropolitana, ribeirinhas e quilombolas passaram por formação e consultoria técnica especializada do Instituto Elabora Social, com patrocínio da Hydro e apoio institucional da Jornada COP+ da Fiepa, e agora exibem 14 peças autorais, confeccionadas com elementos da biodiversidade amazônica como escamas de peixe, látex, caroços de açaí, sementes, cerâmicas e fibras regionais, além de madeira de manejo florestal, cedida pela Ebata Produtos Florestais, a partir da Aimex; e alumínio reciclado de ferro-velho. 

A vice-presidente executiva da Fiepa e da Jornada COP+, Marcella Novaes, acentuou que o projeto trabalha dois pilares essenciais: a sociobioeconomia e a economia circular. Unindo design, sustentabilidade e os saberes da floresta, as criações desenvolveram o tema “Sonhos”. 

Único homem convidado a falar, o presidente do Centro das Indústrias do Pará e do Conselho Temático de Infraestrutura e da Comissão de Energia da Fiepa, José Maria Mendonça, fez questão de enfatizar que a Amazônia é feminina e matriarcal, e que o Sistema Fiepa investe na conservação do meio-ambiente e do patrimônio histórico, dando como exemplo o restauro do casarão na Av. Brás de Aguiar para valorizar a história de Belém, transformado em espaço do Brazilian Industry Hub, ponto de convergência da indústria nacional durante a COP30. A edificação tem vitrais originais e piso todo em mosaicos de acapu e pau amarelo, elementos marcantes da arquitetura histórica de Belém, presentes em muitos palacetes. Ele frisou, também, que o projeto voltou seu olhar para a COP, mas não se limita a ela, e que representa a presença permanente do Sesi na cultura e na economia criativa do Pará.

O presidente do Sistema Fiepa e diretor regional do Sesi Pará, Alex Carvalho, cuja atuação foi destacada por todos e todas, estava em Brasília tratando de assuntos urgentes da entidade.

Altairley Mendonça, Ana Lúcia Ervedosa, Bianca Camino, Bruna Sampaio, Josane Santos, Joyce Adriele, Luciene Farias, Maria Aparecida Matos, Mônica Moraes, Neuciane Pereira, Nilma Arraes, Patrícia Pamplona, Selma Montenegro e Tânia Lúcia Amaral estão com suas peças escandalosamente lindas em um dispositivo que encanta, em meio a folhagem amazônica, confeccionado em pelo de ovelhas – obtido em tosas necessárias, sem qualquer sofrimento ou crueldade.

O colar “Iaçá”, da artista Selma Montenegro, impressiona em qualquer passarela do planeta. Com 72cm x 26cm, foi confeccionado com sementes de açaí, paxiúba e jarina, ouriço da castanha-do-pará, casca da palmeira da pupunha, fibra de miriti e alumínio.

“Morada da Felicidade”, de Altairley Mendonça, feito com fibra de miriti, caroço de açaí, madeira, casca de coco e alumínio, foi inspirado em sua casa, onde passou a infância e aprendeu técnicas que até hoje usa nas suas peças. 

Já o colar “Trançado do Arapiuns” tem palha de tucumã tingida com açafrão, mangarataia (como se chama o gengibre em Santarém do Pará), jenipapo, urucum, crajiru (a mesma piranga), caapiranga e alumínio reciclado.

“Marualá”, de Bruna Sampaio, é em cerâmica marajoara e alumínio reutilizado.

A carioca Nathalie Kuperman, diretora do Instituto Elabora Social, evidenciou que a formação foi uma troca de saberes. E anunciou que o projeto fechou parceria com quatro pontos de venda em Belém: as lojas do Museu das Amazônias, do Museu de Arte Sacra, Ygarapé e o espaço do Sebrae na Green Zone da COP30. 

As artesãs aprenderam não só técnicas de biojoias, mas também marketing e até como fotografar a sua produção. “E isso é só início, a gente vai ter nosso trabalho mais reconhecido e divulgado”, festejou Maria Aparecida, autora do colar “Balanço do Encanto da Amazônia”, no qual utilizou jarina tingida com cúrcuma, fio e canoinhas de miriti tingidos com casca de cebola, e alumínio reciclado.

A gerente executiva de Cultura do Sesi, Ana Cláudia Moraes, adiantou que a Casa abrigará oficinas, exposições, cursos e debates sobre arte, tecnologia, robótica, design e sustentabilidade e está aberta a artistas, empreendedores e instituições. 

Além de “Joias da Amazônia”, a Casa também tem mais três exposições simultâneas: a “Casa Sesi”, que mostra a história do imóvel; a imersiva “Im-PARÁ-veis”, com direção da artista visual paraense Roberta Carvalho; e “Upcycling Senai”, em parceria com a Receita Federal e o Senai Pará, dedicada à economia circular e à redução de desperdícios. As mostras podem ser visitadas até o próximo dia 28, de terça a sexta, das 9h às 18h, e no feriado municipal (6 e 7) até 13h, sempre com entrada gratuita.

Fotos: Gabriella Florenzano

Louros a Loureiro

Anterior

CAF e OTCA unem forças na COP30

Próximo

Você pode gostar

Mais de COP30

Comentários