



Fotos: Antonio Silva

Foto: Sidney Oliveira
Foto: Franssinete Florenzano
Todos os brasileiros podem – e devem – exercer seu direito de crítica. Para isso muitos morreram durante a ditadura, defendendo a livre manifestação e expressão do pensamento. Agora, empastelar a inauguração do primeiro hospital público da Amazônia especializado no tratamento de câncer em crianças e jovens de até 19 anos, o único hospital público de toda a região Norte que vai ofertar especialmente serviço oncológico pediátrico gratuito, é cruel. Pois um grupo de ativistas políticos, usando estridentes apitos, cartazes e, ainda, gritando impropérios, tumultuou a programação, mesmo nos momentos em que crianças do grupo de percussão da Fundação Pro Paz se apresentaram, ao lado do cantor e compositor Alcyr Guimarães, além da cantora lírica Gabriella Florenzano e da pianista Leandra Vital – que doaram sua arte em prol das crianças -, cercados de muitos pequeninos que brincavam em mesas espalhadas sob o toldo de proteção, aproveitando o feriado nacional de Nossa Senhora de Aparecida e o Dia das Crianças.
O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo tem 108 leitos, sendo dez de UTI, capacidade para atender 15 pacientes concomitantes na quimioterapia e fazer 1.320 consultas de ambulatório por mês e 378 internações. Nos cinco andares do prédio estão distribuídos os setores de quimioterapia, centro cirúrgico, centro de terapia intensiva, clínicas pediátrica e de ginecologia, além de espaços lúdicos como biblioteca, brinquedoteca, sala de música e um solário, tudo decorado com imagens de desenhos que as crianças internadas no Hospital Ofir Loyola (localizado ao lado) produzem durante as oficinas. Significa uma chance de vida para milhares de crianças acometidas por câncer, alento para tantas famílias que não têm a quem nem aonde recorrer em busca de tratamento para seus entes queridos.
Nenhum cidadão precisa pagar um tostão, além dos impostos que paga normalmente, para ter acesso ao hospital, garantiu o governador Simão Jatene, ao lado do secretário de Estado de Saúde Pública, Vítor Mateus, autoridades, médicos de todas as matizes políticas (por exemplo, o Dr. Wanderlan, deputado estadual pelo PMDB, estava lá), senhoras da Avao (Associação Voluntária de Apoio à Oncologia) e familiares do médico Octávio Lobo, que criou em 1950 o Serviço de Radiologia e de Radioterapia do então Instituto Ofir Loyola, iniciando de forma pioneira o tratamento do câncer através da radioterapia no Estado do Pará e no Norte do Brasil, e que influenciou toda uma geração. Na cerimônia, um de seus filhos, Arthur Lobo, fez emocionado discurso e até declamou um poema de sua autoria, dedicado às crianças em tratamento.
O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo começou a ser construído no primeiro mandato do governador Simão Jatene. As obras atravessaram o governo Ana Júlia Carepa e foram retomadas por Jatene. Para diminuir a fila e atender a enorme demanda na área de oncologia, em breve deverá ser inaugurada unidade em Tucuruí. A de Santarém já está funcionando, além da unidade no Hospital Barros Barreto. Também estão em andamento as obras dos hospitais regionais de Itaituba e de Castanhal e a requalificação de hospitais municipais, como os de Abaetetuba e de Ipixuna do Pará.
A ala pediátrica do Ofir Loyola continuará funcionando, mas terá novo programa assistencial, direcionado a adultos. O novo hospital irá passar pelas etapas de desinfecção, instalação e configuração dos equipamentos e treinamento da equipe, o que deve durar em torno de 30 a 40 dias. A previsão é de que o atendimento inicie em meados de novembro.