Parece uma grande de uma “potoca”, usando um bom paraensês, mas a história espantosa de erro médico é real. Thomas Kraut, um optometrista de 59 anos, passou mais de uma década com um tumor maligno, que chegou a ter 27 quilos, crescendo em seu abdômen sem ser detectado. Os médicos noruegueses acreditavam que o aumento de sua barriga era resultado de obesidade e o trataram para diabetes tipo 2 e excesso de peso. Ele foi submetido a cursos de nutrição, fitness e até recebeu prescrições de Ozempic, medicamento para controle de diabetes, mas o verdadeiro problema só foi identificado 12 anos depois, quando uma nova avaliação médica finalmente revelou a presença do tumor.
Kraut, que nasceu na Alemanha e mudou-se para a Noruega em 2008 para trabalhar como optometrista, começou a notar seu abdômen aumentando significativamente em 2011. Mesmo após várias consultas médicas, ele foi constantemente diagnosticado como obeso, recebendo recomendações para perda de peso e controle de diabetes. Em 2012, ele foi oficialmente diagnosticado com obesidade e diabetes tipo 2 e, ao longo dos anos, foi orientado a fazer ajustes na dieta e frequentar cursos de nutrição e atividade física.
“Os médicos sempre falaram apenas sobre meu excesso de peso e diabetes”, declarou Kraut para o New York Post. Ele explicou que sua aparência mudou drasticamente com o tempo. Enquanto seu rosto e braços emagreciam devido às mudanças na dieta e ao uso de Ozempic, seu abdômen permanecia grande e endurecido, algo que não é típico da gordura. “A superfície do meu estômago era dura e não macia, como costuma ser a gordura.”
Apesar das observações de Kraut sobre seu corpo, os médicos mantiveram o diagnóstico de obesidade e continuaram tratando-o sem investigar profundamente o motivo do crescimento abdominal.
Em 2019, Kraut finalmente foi autorizado a realizar uma cirurgia bariátrica para tentar reduzir o tamanho do estômago, mas, antes da cirurgia, um novo médico decidiu examinar mais detalhadamente o caso. O abdômen rígido e a perda de peso em outras partes do corpo chamaram atenção, levando o profissional a solicitar uma tomografia computadorizada. Foi então que a verdade veio à tona: o que os médicos consideravam gordura era, na realidade, um tumor maligno de aproximadamente 27 quilos e mais de 52 centímetros de diâmetro.
“Foi um choque real”, admitiu Kraut. Descobriu-se que o tumor estava comprimindo seu rim direito, afetando sua função e causando danos a outros órgãos próximos.
Os exames mostraram que o tumor era composto por múltiplas áreas cancerosas rodeadas por gordura, uma condição extremamente rara que contribuiu para o erro de diagnóstico. Após duas semanas de investigação, os médicos concluíram que a situação exigia uma cirurgia complexa e prolongada.
Só em 26 de setembro de 2023 que Kraut passou por uma cirurgia de 10 horas no hospital em Oslo para remover o tumor. A operação foi bem-sucedida, mas teve consequências complicadas, já que parte de seu intestino delgado e o rim direito precisaram ser removidos em decorrência aos danos causados pelo tumor. A intervenção foi difícil e, ainda assim, não eliminou todo o tecido canceroso, que continua crescendo em áreas que não podem ser operadas, pois estão conectadas a múltiplos órgãos.
Agora, Kraut faz acompanhamento psicológico e consulta-se com um oncologista duas vezes por ano para monitorar o tumor residual.
A descoberta tardia levou Kraut e sua esposa, Ines, que trabalha no setor de saúde, a entrarem com um processo contra os médicos que, segundo eles, negligenciaram os sinais e sintomas por anos. No entanto, o processo foi inicialmente arquivado, com os profissionais argumentando que o tumor era tão raro que não poderiam ser responsabilizados por não o terem detectado antes.
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