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Hoje no Pará todo mundo só sabe que é feriado estadual, mas poucos se interessam em buscar na História os verdadeiros acontecimentos de 15 de agosto de 1823, data oficial da adesão do Pará à Independência do Brasil.  Na realidade, John Pascoe Grenfell, mercenário inglês a mando do Imperador Dom Pedro I, chegou ao Grão-Pará, que obedecia diretamente à Coroa portuguesa, e pregou uma deslavada mentira, de acordo com o relato de Domingos Antonio Raiol, o Barão de Guajará, no volume 1 de sua obra “Motins Políticos”: “No dia 10 de agosto fundeou na Barra de Belém o brigue de guerra Maranhão, comandado pelo capitão-tenente John Pascoe Grenfell. Este, em cumprimento das instruções que recebera [do Imperador] pôs data nos ofícios e declarou à Junta Provisória que nas águas do Pará estava ancorada uma esquadra sob o comando do almirante Lord Cockrane, de quem recebera ordem para vir anunciar que ele fora encarregado pelo Imperador do Brasil de apoiar o partido que se tivesse formado em favor da Independência, e ao mesmo tempo pediu permissão para fundear no ancoradouro da cidade”. 
Foi assim que, em 15 de agosto de 1823, tomado de pavor, o Pará “aderiu” à Independência do Brasil.
 
Quando descobriu-se que era imaginária a existência da esquadra anunciada, tornou-se tamanho o ódio contra Grenfell, que não se duvidou tentar contra a sua vida”, revelou o Barão de Guajará
Aliás, vale registrar que os que tentaram matar o golpista mercenário foram os mesmos que arrastaram pelas ruas de Belém um grupo de patriotas marajoaras, de Muaná, que em maio daquele ano tinham se declarado brasileiros e aderido à Independência. Ironia do destino. 
Grenfell tinha só 23 anos e com ele no máximo 100 homens, e submeteu toda a população de Belém, que era no mínimo de 15 mil pessoas. Três meses depois, na Revolta do Brigue Palhaço, 256 pessoas foram confinadas no porão do navio São José Diligente e morreram asfixiadas, sufocadas ou fuziladas. A sucessão desses acontecimentos, que sufocavam movimentos populares, culminou na sangrenta Revolta da Cabanagem, em 1835.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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