Está tensa a situação de crise entre o governo do Pará, indígenas e professores da rede pública estadual. De um lado, o governo se recusa a conversar com as lideranças do movimento e enviou aparato policial intimidador: Batalhões Tático e de Choque, Rotam e até a Cavalaria, impedindo o acesso de autoridades tais como membros do Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal e parlamentares, além da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA (que depois de muita argumentação do procurador da República Rafael Martins da Silva, que garantiu não existir qualquer necessidade de polícia, entraram), mas jornalistas e ativistas de institutos de direitos humanos seguem barrados. Por outro lado, os professores realizaram assembleia geral do Sintepp Pará, decidiram entrar em greve geral e ocuparam a Estação das Docas e o Teatro Maria Sylvia Nunes, onde acontece o I Congresso Internacional de Direitos Humanos na Amazônia, promovido pelo governo através da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Igualdade Racial. Ademais, em vários pontos do Estado, estão eclodindo movimentos paralelos em protesto pelas mesmas razões e pedindo a revogação da Lei 10.820/2024, cuja sanção foi publicada hoje no Diário Oficial, agitando ainda mais os ânimos. Ontem o povo da etnia Gavião, da Terra Indígena Mãe Maria, fechou a BR-222 (Fortaleza/Marabá, interligando, além de Ceará e Pará, o Piauí e o Maranhão, ao longo dee 1811,6 Km. Hoje Mundurukus e Suraras do Tapajós fecharam a BR-163 (Santarém/Cuiabá, com 3269,3 Km, que atravessa todo o Brasil).
O secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares, limita-se a negar as reivindicações em declarações gravadas. Ao contrário do que alguns pensam, o movimento indígena está sem controle, são mais de cinquenta etnias envolvidas, cada uma com seus próprios líderes, que têm uma noção de tempo muito peculiar e, sem pressa, seguirão sua agenda de resistência até que sejam ouvidos. O Sintepp não os conduz, são apenas parceiros na luta. Enquanto isso, cerca de meio milhão de estudantes podem ficar sem aulas no Pará.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas no Pará, Vito Gemaque, divulgou nota de repúdio quanto ao cerceamento das atividades profissionais de portais, jornais, emissoras de rádio e TV na cobertura da ocupação na Seduc em Belém, considerando que a liberdade de imprensa e o livre exercício do jornalismo são pilares da democracia e direitos humanos fundamentais.
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