Em meio à seca severa e às crescentes pressões sobre o rio Tapajós, o Movimento Tapajós Vivo realiza o 2º Festival Tapajós Vivo nesta sexta-feira, 15, a partir das 18h30, na Praça Tiradentes, em Santarém (PA). O evento abre também o 7º Grito Ancestral do povo Tupinambá, e busca transformar a arte em uma poderosa ferramenta de resistência para a proteção das águas amazônicas.
“Nada melhor que a arte para despertar a consciência em todos os lugares. Fala-se muito de COP e de acordos climáticos, mas raramente se destacam os problemas que enfrentamos no Norte”, pontua Dan Selassie, um dos artistas que participam do festival que é uma oportunidade para dar voz às populações da região, cuja realidade muitas vezes é silenciada pelas queimadas e estiagem que isolam comunidades inteiras.
São muitas e perigosas as ameaças enfrentadas pelo rio Tapajós, incluindo a poluição por mercúrio, a pesca predatória, a construção de portos e hidrelétricas e os impactos potenciais de projetos como a Ferrogrão. “A arte tem o poder de sensibilizar nossos corpos e nossas mentes. Se não fossem as manifestações culturais — música, dança, poesia —, seria ainda mais difícil enfrentar os desafios diários. Como diz Gilberto Gil, cultura é uma ‘necessidade básica’. Ela está profundamente conectada às vivências dos povos da Amazônia, presente nos rios, nas matas, na terra, em tudo que tem vida”, comenta Ingrid Sabrina, do grupo de carimbó Os Encantados.
O Movimento Tapajós Vivo reafirma que a cultura também é uma ferramenta de luta capaz de mobilizar a população na defesa do meio ambiente. “O Tapajós precisa da nossa união para ser defendido. Através da cultura, queremos ecoar o grito de socorro do rio, sensibilizando a todos sobre a urgência de agir contra a seca e os projetos que nos ameaçam”, destaca Kamila Sampaio, do Movimento Tapajós Vivo.
Os organizadores estão fazendo, ainda, uma campanha de arrecadação de alimentos para as comunidades mais impactadas pela seca, que dependem do rio para a subsistência. A programação cultural inclui também uma exposição fotográfica, Nossos Rios, que explora a beleza dos rios amazônicos e a necessidade urgente de preservação, além de apresentações poéticas que celebram as histórias e memórias do Tapajós.
Ao todo, o público poderá assistir a dez shows de artistas locais, como Andrew Só, Priscila Castro, Os Encantados, DJ Allana, DJ Robacena, Dan Selassie, Livaldo Sarmento, Mestre Chico Malta & Grupo Cobra Grande, Marcelle Almeida e Sambatuque.
Foto: Cleu Munduruku
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