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Salvo a solidariedade e engajamento dos bem intencionados, só quem já teve um paciente de câncer em casa, sabe o grau do abandono da população ao tratar um dos maiores males da humanidade. Por mais que você tenha uma relativa boa situação financeira e possa se tratar com o mínimo de dignidade, nao tem como não vivenciar e se penalizar com a situação da maioria dos pacientes. Nós, da classe média, somos obrigados a desembolsar o dinheiro que temos e o que não temos para medicamentos, injeções caríssimas, o que o plano não cobre e etc. Mas imagina que se o plano não cobre, não vai ser o Estado que vai cobrir, né?
No período que a minha mãe teve câncer, todos os dias era uma nova indignação. Ela teve a sorte de poder fazer quimioterapia numa excelente clínica particular de Belem (a clínica do Dr. Fernando Chalu Pacheco). Mas quando se precisa ir ao Ofir Loyola, é de partir o coração encontrar pessoas, esteios de familia, seres humanos, chorando pelos corredores, pois têm expectativa de 3 meses de vida, e precisam enfrentar uma fila de 3 anos! E quando o equipamento está com defeito? Nós estamos no abandono. Repito, no a-ban-do-no. Reproduzindo as palavras da minha sogra, ao acompanhar o desenrolar do caso da minha mãe e contabilizando toda “verba” gasta: “Quem tem câncer no Brasil e não tem dinheiro, morre”.

Ainda tinha esquecido de citar as viagens a São Paulo que pacientes de câncer têm qua fazer para a fase mais elaborada do tratamento. Você tem que atravessar o País porque não temos um centro de referência da doenca como o Hospital do Câncer em SP. A quem ousar citar “Ofir Loyola”, piada, né? Nem com equipamente funcionando lá você pode contar. Se a situação geral do Brasil na área da saude já é ruim, Norte e Nordeste então… Ah, e quem não pode ir SP, também morre, tá? Mas pro governo tá tudo bem, tá tudo ótimo…”

(Depoimento de L., comentando o post O Sujo e o Mal Lavado).

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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