0
 
 Foto: Tamara Saré
Foto: Ivan Cardoso

Theatro da Paz lotado, a estreia de “Otello”, ontem, encantou o público, especialmente o desempenho do tenor italiano Walter Fraccaro, interpretando o protagonista; da soprano Gabriela Rossi, como Desdêmona; e do barítono Rodrigo Esteves como Iago, aplaudidos de pé pela plateia ao final do espetáculo, assim como os diretores Gilberto Chaves, Mauro Wrona, o maestro Vanildo Monteiro, regente do coro lírico, e o maestro convidado Sílvio Viegas, que regeu a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz. 


Depois de Aída, estreada em 1871, quando ele tinha 58, Giuseppe Verdi efetivamente se aposentou, e foi apenas seu editor, Giulio Ricordi, que o convenceu a escrever outra ópera. Ricordi deve ter tido a paciência de um santo: ele levou anos só para que Verdi voltasse à ópera, e Otello estreou 16 anos mais tarde. Falstaff é do mesmo período, duas das maiores óperas que Verdi escreveu. Verdi era septuagenário e praticamente uma eminência parda da ópera italiana quando escreveu Otello. O papel-título é uma das poucas partes tenor Verdi que podem ser cantadas com sucesso por uma voz wagneriana,  um papel do qual qualquer tenor se aproxima com cautela. Algumas pessoas chamam isso de “assassino voz”, personagem extremamente desgastante, tanto vocalmente quanto emocionalmente. Do ponto de vista dramático, tem que convencer tanto como o herói militar do Ato I, e depois como um homem vulnerável, volátil e, finalmente quebrado. 

No prólogo da peça de Shakespeare – o que não foi criado por Verdi e seu libretista Boito – dá para ver quanto racismo há contra Otello. Mas o público da ópera começa sem saber de nada disso, e o protagonista tem que estabelecer muito rapidamente que Otello é um líder militar poderoso e respeitado, mas é fatalmente falho. Ele não pode acreditar que Desdêmona realmente o ama, e está sempre à procura de razões pelas quais as pessoas não gostam dele. Esta terrível fraqueza é fatalmente explorada por Iago. 


Cerca de 200 profissionais, entre diretores, coordenadores, além de nove solistas, 12 figurantes, 60 cantores no coro lírico e 101 músicos trabalharam intensamente, a fim de que a ópera de Giuseppe Verdi, no XIII Festival de Ópera do Theatro da Paz, em que está em cena a grande tragédia da decepção, amor e ciúme do general do exército mouro Otello e sua Desdêmona, destruído pela manipuladora índole do capitão Iago, também funcionasse como uma homenagem aos 450 anos de nascimento do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616), autor da peça que originou a ópera, ideia do secretário de Estado de Cultura, Paulo Chaves.

O baixo Sávio Sperandio, no papel de Ludovico; a mezzo soprano Ana Victoria Pitts, como Emília; o tenor Antonio Wilson Azevedo, interpretando Cássio; Andrew Lima, como Rodrigo; Andrey Mira, como Montano e Jefferson Luz, no papel do Arauto, fizeram bonito.

“Otello” terá récitas amanhã e quarta-feira (24), às 20h, mas os ingressos já estão esgotados. O Festival encerra com o tradicional concerto ao ar livre, em frente ao Theatro da Paz, no dia 27, às 20h, com acesso gratuito. Informações: 4009-8758. www.festivaldeopera.pa.gov.br.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Abaeté vence Jogos Abertos do Pará

Anterior

Assaltantes do delegado geral condenados

Próximo

Você pode gostar

Comentários