“Plutão (a voz aguda):
_ Ninguém sai daqui sem ordem do rei! Aqui é o rei quem manda! Toca a música! Onde está a música? Cadê o bumbo, o tamborim, a cuíca, o pandeiro, o agogô? Toca o apito! Começa o samba! Não acabou o carnaval ainda não!
Prosérpina:
_ Não resolve… O homem tá de cara cheia. Deixa ele. (ri histericamente). Dor-de-cotovelo tá comendo solta! Dor-de-cotovelo tá comendo solta, minha gente!
Orfeu (estonteado):
_ Onde estou eu? Quem sou eu? Que é que vim fazer aqui? Como é que foi isso? Isso é o inferno e eu quero o céu! Eu quero a minha Eurídice! a minha mulata linda, coberta de sangue… Eu quero a minha Eurídice, que brincava comigo, a minha mulata do dente branco…”
(Trecho de Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes).
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