Na boca do Tamuataí, com o Uruará, braço do Amazonas, em Prainha, oeste do Pará, ouvi a melhor contestação a Thomas Hobbes de toda a minha vida acadêmica. Foi a despedida de um agricultor após 52 dias de acampamento em defesa da reserva extrativista Renascer, onde as madeireiras aterram até as nascentes dos rios para esgotar os estoques de madeira de lei da região. E ele tinha razões de sobra para acreditar que o homem é o lobo do homem, como afirmava o autor do Leviatã.
Durante um ataque organizado na semana passada contra o acampamento dos agricultores, dois companheiros dele foram feridos a bala e por muito pouco não houve mortos. No entanto, o agricultor ensina: “doutô, ninguém é onça de ninguém!”. A frase, digna de constar em Grande Sertão: Veredas, define com precisão o novo modelo de desenvolvimento que defendemos para o Pará, construído muitas vezes no embate junto com o povo. Vivemos as dores do parto.”
(Cláudio Puty, chefe da Casa Civil do governo do Estado, em relato no seu blog sobre a missão na Reserva Extrativista Renascer, no município de Prainha).
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